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Robôs já são uma realidade nas cortes brasileiras; BrazilLAB é destaque no Brazilian Report

Inovação foi notícia do portal Brazilian Report, que também destaca o atual momento de govtech no país
Em 03 de March de 2020

Em março de 2019, um homem processou um restaurante no estado da Bahia por uma cobrança indevida no valor de R$ 2,06. Ele ganhou a causa e recebeu R$ 300. A ocorrência é um exemplo de como os brasileiros gostam de um litígio: por aqui, o índice de processos a cada mil pessoas é cinco vezes maior do que na Alemanha, na Suécia, na Áustria ou em Israel. 

Atualmente, o Brasil registra 80 milhões de processos, e as cortes nacionais não conseguem lidar com isso. Assim sendo, o sistema judiciário começou a se abrir para processos de automação com o uso de robôs. O setor chamado de legaltech cresceu rapidamente no país: foi de 30 empresas em meados de 2017 para 150 no começo de 2019. O escopo de atividade abrange desde ajudar pessoas a elaborar contratos e auxiliar advogados em suas pesquisas, até algumas soluções que visam a substituir, pouco a pouco, juízes por robôs. 

As informações são de um artigo do portal Brazilian Report. E tratam de inovações importantes, porque mais de 70% de novos casos ficam pendentes no Brasil, e os custos com processos chegam a 1,4% do PIB. Os casos duram em média seis anos — ou mesmo décadas, se chegarem a instâncias superiores.

 

Juízes X robôs

Já são cinco os estados brasileiros e três cortes superiores — incluindo o Supremo — que implementaram algum tipo de automação ao lidar com casos, ou que planejam fazê-lo. Aqui estão alguns exemplos: 

  • Rio Grande do Norte: a corte superior do estado desenvolveu um robô chamado Poti (de “potiguar”) com estudantes da Universidade do Rio Grande do Norte para ajudar em casos de execução de dívidas e de cobranças relativas a propriedades. Enquanto uma pessoa processa cerca de 300 casos por mês, o Poti consegue concluir um a cada 35 segundos.
  • Pernambuco: o bot Elis também lida com casos de execução de dívidas (53% das pendências). Em 15 dias, o robô consegue lidar com uma quantidade de trabalho maior do que a corte é capaz de realizar em 18 meses.
  • Rio de Janeiro: um programa dedicado a encontrar soluções jurídicas para casos de planos de saúde resultou em economia de R$ 90 a 200 milhões para a justiça carioca. Isso aconteceu porque o sistema evitou que 50 mil casos virassem processos.
  • Supremo: a mais alta corte do país quer implementar um programa chamado Vitor, que ajuda o judiciário a solucionar casos ao sugerir legislações relevantes. O sistema também sugere textos a serem usados em sentenças. A corte espera reduzir a duração de seus processos em até 60%. 

 

Govtech em pauta

O Brazilian Report destacou o cenário atual do setor de inovação no setor público. O texto menciona que, hoje, há cerca de 1.500 startups capazes de oferecer serviços de tecnologia para todas as áreas de governos, mas obstáculos como modelos de licitação desatualizados e falta de conhecimento e de cultura de inovação entre líderes governamentais ainda emperram o desenvolvimento.

Mas o texto cita avanços importantes. Como o fato de, em 2019, o governo federal começar a oferecer serviços por meio do gov.br — desde 2017, o número de serviços online chegou a 1.758. No entanto, ainda há 971 serviços que estão totalmente fora do ambiente digital, e 605 parcialmente digitais. 

De acordo com o Brazilian Report, o ecossistema brasileiro de govtech está se desenvolvendo. Cada vez mais empresas demonstram interesse em fornecer serviços para governos (entre as quais estão as legaltechs responsáveis pelos robôs citados acima). O quarto ciclo de aceleração do BrazilLAB é prova disso: foram mais de 300 inscrições, número 11% maior do que no ano anterior. Entre as startups inscritas, 25% já vende para governos, índice 10% maior do que na aceleração de 2019. 

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