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“Salvación GovTech”: confira a participação de Letícia Piccolotto na revista América Economía

A corrupção, o medo de arriscar e a falta de políticas à longo prazo podem acabar boicotando a ascensão das tecnologias GovTech. Confira reportagem da revista América Economía
Em 14 de August de 2019

Não é só o cidadão brasileiro que sofre diariamente com a falta de segurança, com o risco de ser atingido por balas perdidas, que enfrenta um sistema de transporte público nada funcional e a crescente possibilidade de ter sua identidade roubada. Estes e muitos outros males da vida urbana atingem a América Latina como um todo e, assim como no Brasil, outros países vêm se perguntando como a tecnologia pode ser a resposta para todos os seus problemas. 

Na revista “América Economía” deste mês, sob o título “Salvación GovTech”, foram apresentados os mais variados exemplos de startups que implementaram, ou tentaram implementar, suas soluções tecnológicas em diversas cidades da América Latina. Confira a participação de Letícia Piccolotto e outros pontos centrais da reportagem abaixo.

 

Boicote à tecnologia

A Leaps, startup GovTech criada por Juan Aguillar, no Chile, desenvolveu uma solução que auxiliaria no combate à mortes por armas de fogo, a medida que, com um sistema de detecção de tiros, acionaria uma reação rápida da polícia, identificando o modelo da arma que realizou o disparo, o local onde o mesmo foi feito entre outras funções que a IA proporciona.

Mesmo após sua participação no concurso de inovação promovido pelo Ministério do Interior e da Segurança Pública, em 2010, e de sua solução se adequar às novas políticas do recém eleito presidente do Chile, Sebastián Piñera, a implementação do projeto não foi possível até hoje. Isso se deu devido à dois casos seguidos de corrupção, descobertos nos órgãos governamentais encarregados por colocar a solução da Leaps em ação.

“Eu pensava que fazer os modelos matemáticos e físicos, as equações e os algoritmos era o mais complexo, mas acabou sendo o mais simples. Ter que lidar com a corrupção da polícia e com a negligência dos municípios foi impossível”, resume Aguilar.

 

A necessidade de um avanço tecnológico

Os investimentos GovTech se tornam cada vez mais necessários, principalmente por preverem um elevado retorno ao Estado. Segundo a consultoria Deloitte, a Inteligência Artificial aplicada aos processos de trabalho público poderiam liberar em até 30% o tempo dos funcionários públicos, e economizar até US$ 41.100 milhões em gastos fiscais.

No entanto, as barreiras para tal desenvolvimento são muitas. Carlos Santiso, diretor de Inovação Digital de Estado do Banco de Desenvolvimento da América Latina, estabeleceu uma lista de três recorrentes desafios que as GovTechs enfrentam ao trabalhar com o setor público:

  • Tradição legalista e aversão a riscos por parte dos funcionários públicos;
  • A suspeita de corrupção levantada quando métodos inovadores e desconhecidos são utilizados pela administração pública;
  • Instabilidade política.

Sobre este último ponto, Santiso complementa - “A transformação digital deve ser uma política de estado, não uma política do governo”. As startups GovTech são uma oportunidade valiosa para os governos da América Latina, afirma nossa founder, Letícia Piccolotto. “As startups são essenciais para trazer inovação e disrupção dentro dos governos e a um preço muito mais acessível, em comparação com os custos de operação e manutenção de grandes empresas de tecnologia pública", calcula. 

No entanto, acrescenta Letícia, os governos regionais e municipais têm dificuldades em investir em transformação digital "porque enfrentam um cenário fiscal complicado e muitas vezes se concentram em apagar o fogo, sem pensar em uma estratégia de longo prazo".

GovTechs híbridas

Com todos estes desafio, muitas GovTechs acabam mudando sua estratégia de vendas, passando a fornecer apenas para o setor privado. No entanto, existem outros modelos de negócio possíveis no mundo GovTech, como explica Letícia Piccolotto: “As GovTechs podem ser 100% B2G (Business to Government, em inglês), com o governo como único mercado e potencial cliente, ou ter uma estratégia híbrida que combine a venda para governos (B2G) com foco também no consumidor (B2C) ou em empresas (B2B)”, detalha.

O modelo híbrido é utilizado também pela GovTech brasileira MonitoGov, acelerada pelo BrazilLAB, que tem como produto uma plataforma que monitora os processos de licitações públicas. Do lado do governo, fornece informações sobre as empresas que oferecem a melhor proposta e, para o setor privado, possui dados sobre os processos licitatórios e quais são os órgãos públicos com o melhor nível de conformidade.

Cabe, assim, uma reflexão final, colocada por Carlos Santiso, de que: “GovTech não se trata de Tech-govs. Não é sobre quais tecnologias ou sistemas de gestão estão inseridos no governo, mas trata de uma mudança cultural para que não seja o cidadão que tem que servir ao Estado, mas que o Estado é quem serve ao cidadão”, pensamento este que, de acordo com Santiso, ainda está faltando na maioria dos governos latino-americanos e globais.

Quer ler a entrevista na íntegra? Clique aqui  (disponível apenas em espanhol).

 

Seja parte desse movimento GovTech!

O BrazilLAB vem buscando formas de facilitar a contratação de tecnologia pelo setor público, sendo sua última iniciativa a criação do Selo GovTech, que certifica startups como capacitadas e aptas a trabalharem e venderem para diferentes órgãos do governo. Ao ser aprovada no processo e obter o Selo GovTech, a startup passará a fazer parte de uma rede de empreendedores que possuem soluções tecnológicas para diversos desafios dos governos! Clique aqui e saiba mais.

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