Quando foram abertas as inscrições para o novo ciclo de aceleração do BrazilLAB, um dado chamou a atenção: a quantidade de startups que já interagem com o setor público, que abrangeram 25% das cerca de 300 empresas registradas. Agora, entre as 26 selecionadas, 40% vendem ou já venderam para governos. Um índice significativo, porque resulta em uma troca de experiências mais rica e produtiva ao longo do processo de aceleração.
E o que esperam essas startups? Quais os maiores desafios que elas têm enfrentado até aqui, e como o programa pode contribuir para superá-los? “Nosso objetivo é conseguir alavancar e disseminar nosso produto, por intermédio da força e do alcance do BrazilLAB”, afirma Fabio Marzullo, CEO da Sinn Tecnologia. “Porém, também acredito que a troca de experiências e conhecimento serão fundamentais no processo, potencializando ainda mais ações conjuntas, bem como os resultados para a população”.
Fabio relata que o segundo módulo presencial da aceleração, focado na área jurídica e de relações governamentais, foi muito proveitoso. “Os processos jurídicos são um ponto focal da Sinn. Como há constantes mudanças e atualizações nas leis, ter a oportunidade de se atualizar é sempre importante”.
Mas ele lembra que essa atualização também deve ocorrer do lado do setor público: “o que vejo como um obstáculo é a ponta do processo, onde estão aqueles que efetivamente escrevem e conduzem os processos licitatórios. Essas pessoas também precisam de constante atualização jurídica, de modo a permitir que a contratação de produtos inovadores não sofra com os entraves comuns e conhecidos dos processos de compras”.
Para Raquel Cardamone, co-founder da Bright Cities, os principais desafios também estão na área jurídica. “Na minha visão, a maior dificuldade é a falta de conhecimento técnico das startups e dos gestores públicos sobre as formas e possibilidade de contratação”, afirma ela.
Já na visão de Gustavo Maia, founder e CEO do Colab, um ponto focal é a concorrência que já se observa na área de GovTech. “Há muitas pessoas boas e com boas ideias no setor público, então é um desafio ter algo realmente inovador”, afirma ele, que já interage com municípios desde meados de 2013. De acordo com Gustavo, o que pode fazer a diferença é “criar empatia com os gestores públicos, dar segurança a eles de que aquela solução está ali para ajudá-los de forma clara. E a imersão proporcionada pelo programa do BrazilLAB é fundamental para isso”.
A expectativa dos empreendedores em relação à área de GovTech é positiva. “Apesar de todos os problemas que existem para as compras governamentais, é fato que o Governo acordou para a inovação e para as startups”, revela Fabio Marzullo.
E o programa de aceleração do BrazilLAB pode ajudar empresas que já estão nesse mercado a acompanhar o movimento. “Do meu ponto de vista, ações como as do Lab são fundamentais porque, de um lado, há um governo carente e necessitando de inovações para oferecer melhores serviços à população; do outro lado há inúmeras iniciativas inovadoras, surgindo rapidamente, que não possuem conhecimento, tão pouco experiência para vender para o governo. Não há dúvidas que ações direcionadas de aproximação ajudam a criar consciência técnica e jurídica em ambas as partes, facilitando todo o processo”.
Para destacar a importância do Programa de Aceleração do BrazilLAB, Fabio evoca o tamanho das empresas que conseguem ultrapassar os obstáculos de venda para governos: “existem muitas dificuldades e a maioria só é ultrapassada por companhias de grande porte, que possuem lastro financeiro para quebrar essas barreiras. Startups são empresas de nicho e pequenas por natureza, dificilmente conseguem meios eficientes para romper o status quo. É por isso que iniciativas como as do BrazilLAB são fundamentais para todos os envolvidos, pois empenham esforços legítimos, buscam encurtar as distâncias e retirar as barreiras para, enfim, conseguir levar inovação ao governo. Nós da Sinn Tecnologia estamos muito orgulhosos de termos o apoio do BrazilLab, mesmo depois de 10 anos atuando diretamente com o setor público”, completa ele.