No última dia 18/6, Letícia Piccolotto, fundadora do BrazilLAB, participou do Webinar "Brasil GovTech: como a pandemia está impactando a digitalização de serviços públicos?", uma iniciativa promovida pelo JOTA e pelo Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper.
Acompanhe agora os principais destaques dessa conversa!
Se a inovação é parte fundamental da academia e do setor privado, o mesmo processo não está presente de forma automática no setor público. Isso acontece por diversos fatores, seja pelas disfunções da burocracia, pela dinâmica de poderes e a preocupação com os mecanismos de controle.
Sendo assim, a disrupção pode acontecer de dentro para fora e as GovTechs são importante aliadas para isso: são startups que podem trazer soluções inovadores e tecnológicas para enfrentar os diferentes desafios enfrentados por governos municipais, estaduais e também o federal.
Acreditando no poder da força empreendedora, Letícia Piccolotto fundou, há 4 anos, o BrazilLAB: um hub de inovação e tecnologia para governos que acelera soluções e conecta startups e o Poder Público.
Nos últimos anos, o Brasil enfrentou vários desafios relacionados à corrupção de agentes públicos e privados, mas a relação entre esses grupos pode acontecer de forma saudável, transparente e virtuosa.
Especificamente considerando a atuação das startups, é possível dizer que é um dos ecossistemas que mais tem crescido. Há mais de 13 mil startups atuando nas mais diversas áreas e, por que não direcionar a atuação dessas organizações para construir soluções que apoiem a enfrentar os principais desafios do setor público?
É verdade que esse processo não é fácil. Há muitos requisitos e complexidades, e a resiliência deve ser uma constante. Mas os riscos e desafios são muito menores do que a possibilidade de influenciar positivamente a sociedade: os governos são os principais atores quando se fala em possibilidade de impacto e de escala das soluções.
Há uma assimetria de informação entre os dois lados dessa relação. Governos não percebem que as startups podem trazer soluções aplicáveis aos seus desafios. Por outro lado, o setor privado é relutante em firmar parcerias com governos.
Grande parte da atuação do BrazilLAB está voltada para diminuir essa distância e rever esses conceitos, quase sempre distorcidos. Para isso, foram criadas soluções com o Programa de Aceleração, que apoia startups e suas soluções para que estejam preparadas para contratar com o setor público, e o Selo GovTech, um marketplace que permite a conexão direta entre gestores e desafios públicos, com empreendedores e suas soluções inovadoras e de base tecnológica.
A pandemia de coronavírus acelerou diversos aspectos da transformação digital. Por exemplo, tornou possível a incorporação de home office, atendimentos via telemedicina, assim como o desenvolvimento de soluções educacionais que permitissem a continuação das aulas à distância.
Esses avanços são efeitos colaterais positivos e não esperados, mas ainda há desafios a enfrentar, especialmente relacionados à redução das desigualdades de acesso à internet, a incorporação em áreas estratégicas, como meio ambiente, diminuir as restrições de uso relacionadas às necessidades geracionais e, principalmente, garantir o uso de dados de maneira estratégia e transparente. Sobretudo, é preciso garantir que a tecnologia não permite o surgimento da e-burocracia: a perpetuação de processos ineficientes do setor público, mas em meio digital.
Para assegurar o desenvolvimento de startups GovTechs é preciso também diversificar e ampliar os investimentos, modalidades e processos para incorporar o trabalho dessas organizações no contexto do setor público.
Segundo Letícia Piccolotto, somos a geração que definirá as bases para o uso constante, responsável e ético das tecnologias. O que definirmos a partir de agora será o verdadeiro legado para o futuro.
Para isso, a agenda GovTech precisa ser menos técnica e cada vez mais absorvida e debatida pelas pessoas, já que ela afeta temas que são tão presentes e relevantes para cada um de nós.
Isso também vale para o papel do governo, que deve estar marcado por quatro principais características: foco no cidadão, pluralidade, eficiência e olhar para o futuro.