Acompanhando iniciativas em outras cidades nos EUA e em outros lugares, São Francisco abriu seus dados ao público em 2009, tornando-os disponíveis por meio de seu portal de dados abertos, o DataSF. Desenvolvedores têm utilizado os dados para criar aplicativos para identificar as árvores da cidade, encontrar informações de planejamento, vagas de estacionamento, quadras de tênis e relatar crimes - para citar apenas alguns.
Em São Francisco, como em outras cidades no mundo todo, tem havido um clamor para tornar dados governamentais locais disponíveis para o público em um formato acessível. Além de sua contribuição para transparência, isto permite que desenvolvedores de software criem aplicativos que ajudam os cidadãos e visitantes a tirar o máximo dos recursos da cidade.
Em outubro de 2009, o então prefeito de São Francisco, Gavin Newsom, emitiu a Diretiva Executiva 09-06 de Dados Abertos. Ela declarava que "esta Diretiva irá aprimorar o governo aberto, transparência e responsabilidade melhorando o acesso a dados da Cidade que cumpram com as políticas de privacidade e segurança". [1] A diretiva exigia que departamentos da Cidade disponibilizassem todos os conjuntos de dados não confidenciais sob sua autoridade no DataSF.org, o website da cidade para dados governamentais
O DataSF.org disponibilizou publicamente mais de 100 conjuntos de dados do governo local, incluindo dados de polícia, autoridade de transporte e trabalhos públicos. A iniciativa foi projetada para aumentar a transparência e eficiência do governo e abrir novas oportunidades econômicas. Ele foi codificado no código administrativo da Cidade em 2010.
Desde o lançamento de dados abertos, em 2009, até 2014, mais de 200 conjuntos de dados foram publicados e 60 aplicativos foram criados utilizando esses conjuntos de dados.
Por exemplo, o Departamento Ambiental da cidade liberou dados de reciclagem que foram utilizados por um terceiro para desenvolver o EcoFinder, um aplicativo para iPhone que ajuda os residentes a encontrar pontos de reciclagem.
O Diretor de Inovação de São Francisco anunciou em junho de 2012 que o acesso a dados de trânsito em tempo real havia resultado em uma queda de 21,7% em ligações para SF311 (311 recebe ligações não emergenciais sobre assuntos governamentais da cidade e condado de São Francisco). Estimou-se que esta redução no volume de ligações tenha economizado mais de US$1 milhão para a cidade. Desde 12 de maio de 2016, 374 conjuntos de dados foram publicados. [2]
Todos os casos no Observatório de Impacto Público do CPI foram avaliados quanto a desempenho com relação aos elementos dos Fundamentos de Impacto Público do CPI.
Stakeholders tanto internos quanto externos colaboraram na iniciativa de dados abertos. O prefeito e a administração da cidade, especialmente o Departamento de Tecnologia e o Departamento de Saúde Pública, e os habitantes da cidade foram os principais stakeholders internos. A empresa de TI Socrata ajudou a cidade a desenvolver uma plataforma de dados, a firma de visualização Stamen criou o aplicativo San Francisco CrimeSpoting, e o Twitter ajudou a reduzir a carga sobre o SF311. A ONG Code of America ajudou na elaboração das normas de dados abertos.
Apesar de o programa de dados abertos ter recebido suporte significativo do prefeito, ele não foi parte da política de administração da cidade, nem houve qualquer instância de suporte dentro do espectro político.
Gavin Newsom foi reeleito como prefeito em 2007 após as eleições de 2003. Ele venceu com 73,66% dos votos, o que mostra que os cidadãos tinham fé nele. Entretanto, não há evidências claras, como pesquisas de opinião ou pesquisas de percepção pública, sobre o programa.
O Open Data San Francisco possui uma declaração de missão clara: "permitir o uso de dados da Cidade para apoiar uma ampla gama de resultados, aumentar a transparência e a eficiência do governo a desbloquear novos domínios de valor econômico."
Adicionalmente, ele possui uma Declaração de Visão delineada: "Os dados da Cidade são compreendidos, documentados e de alta qualidade. Os dados são publicados de forma que sejam utilizáveis, em bom tempo, e acessíveis, o que suporta usos amplos e inesperados de nossos dados". [3]
A ideia do projeto teve como base programas de dados abertos similares em outras cidades americanas e no Reino Unido: "além de nossa estratégia de envolvimento, nós revisamos não apenas a literatura, mas planos e práticas de dados abertos existentes de Nova Iorque, Chicago, Filadélfia, Grã-Bretanha e muitos outros". [4]
Durante a etapa de planejamento, a administração da cidade pesquisou o custo de lançamento e gestão deste programa, e identificou que o custo não seria um gargalo importante, uma vez que todos os dados já estavam disponíveis. Quaisquer que fossem os impedimentos ao progresso, Brian Purchia, o diretor adjunto de comunicações do prefeito, "apontou que a barreira mais importante na verdade não era a despesa. A maioria dos dados já existe, ele diz, apenas não em um formato que desenvolvedores podem utilizar. 'O custo está lá, mas a maior parte dele é apenas horas de trabalho'". [5]
O programa foi gerenciado pelo diretor de dados, Joy Bonaguro, e o gerente do programa de dados abertos, Jason Lallyis. Ambos possuem experiência relevante em um ambiente de dados abertos projetando e gerenciando entrega de sistemas. Isto mostra que houve gerentes habilidosos que entendiam o contexto de entrega. Adicionalmente, houve coordenadores de dados que serviram como ponto chave de responsabilidade para linhas do tempo e perguntas sobre conjuntos de dados, bem como fornecendo relatórios trimestrais sobre o progresso da implementação do plano de dados abertos.
O número de conjuntos de dados publicados foi utilizado como métrica para aferir o impacto do programa de dados abertos. Isto foi devido ao fato de o governo da cidade não possuir outros meios de medir os resultados e impacto de sua iniciativa de dados abertos.
Em um relatório de 2014, emitido pelo prefeito e pelo diretor de dados, admitiu-se que o "número de conjuntos de dados publicados" é uma métrica cega. “Enquanto precisamos inicialmente aumentar o número de conjuntos de dados, também precisamos explorar a medição de publicação de dados de alto valor, aumentar a frequência de atualizações, responder a solicitações de dados ou automação de publicação. Também iremos normalizar e definir o que constitui um conjunto de dados ... Com o tempo, também precisamos identificar formas de medir os resultados e impactos de nossa iniciativa de dados abertos. No meio tempo, a métrica do processo fornecerá a base para uma avaliação com base em resultados para dados abertos". [6]
Houve boa coordenação interna entre os diferentes departamentos da cidade, com o prefeito liderando a iniciativa. Também houve colaboração com o setor privado, principalmente firmas de TI de tamanho médio e pequenos desenvolvedores de aplicativos, bem como firmas de redes sociais.
O programa foi cuidadosamente posicionado para facilitar a participação da sociedade civil: em 2012, o Prefeito Lee revelou data.SFgov.org, um site de dados abertos com base na nuvem e o sucessor do DataSF.org, desenvolvido pela Socrata, a startup com base em Seattle responsável pela plataforma inicial. Os dados publicados foram utilizados para criar aplicativos para moradores: por exemplo, o desenvolvedor de aplicativos SpatialKey criou uma ferramenta de visualização que permite que os residentes verifiquem a existência de delitos relacionados a drogas ocorrendo próximo a escolas, enquanto a Elbatrop desenvolveu o aplicativo de identificação de árvores, SFTrees.
Este estudo de caso foi originalmente publicado em inglês no "The Public Impact Observatory" do Centre for Public Impact (CPI).Outras publicações podem ser acessadas em: Centre for Public Impact.
Executive Directive 09-06 Open Data, 21 de outubro de 2009. O Escritório do Prefeito, São Francisco.
Open Data in San Francisco: Institutionalizing an Initiative, Prefeito Edwin M. Lee, Joy Bonaguro, 14 de julho de 2014, Cidade e Condado de São Francisco.
DataSF Speaks, DataSF.
San Francisco, the city that's open for data, Bobbie Johnson, 14 de outubro de 2009, The Guardian.