Em resumo

Barcelona é um exemplo notório de arquitetura e design inovadores. Em 2008, a câmara municipal estabeleceu o Urban Lab, uma iniciativa de cidades inteligentes dentro do 22@Barcelona, um projeto de transformação urbana na área de El Poblenou. SMEs propõem ideias inovadoras e sustentáveis para melhorar a vida dos cidadãos locais, e o Urban Lab seleciona as mais promissoras, de iluminação inteligente a localização de vagas de estacionamento disponíveis, e elas são testadas nas ruas da cidade.

O Desafio

A cidade de Barcelona estabeleceu uma reputação como uma das principais cidades industriais da Europa, com uma abordagem inovadora ao design urbano. Barcelona já era conhecida como a capital da inovação da Europa, entretanto, não havia um sistema formal em vigor para canalizar a inovação na cidade de Barcelona. [1] Em 2008, Barcelona quis encorajar SMEs [Small and Medium-sized Enterprises – Pequenas e Médias Empresas] a testar ideias inovadoras que pudessem ter um impacto positivo nas vidas dos barceloneses. A pergunta que precisou fazer a si mesma foi: "como empreendedores com novas ideias para melhorar a vida urbana podem testar essas ideias em um ambiente de cidade?". [2]

A Iniciativa

A resposta foi o Barcelona Urban Lab. A Câmara Municipal "abriu a cidade como um campo para experimentação, permitindo que empreendedores implementassem produtos e serviços piloto". [3]

O Urban Lab faz parte do 22@ Barcelona, um projeto para revitalizar 200 hectares de terra industrial no centro da cidade. Ele tem por objetivo converter El Poblenou em um distrito que incentiva inovação por meio de novas colaborações entre o setor público, SMEs e organizações sem fins lucrativos.

O Urban Lab "é uma ferramenta para facilitar o uso de espaços públicos na cidade de Barcelona, para realizar testes e programas piloto em produtos e serviços com um impacto urbano. A ideia é utilizar a cidade como um laboratório urbano". [4] Ele busca atingir quatro objetivos principais:

  • "Fomentar inovação comercial em 22@ Barcelona [5]
  • Permitir que empresas testem produtos e serviços inovadores de forma que, caso provem seu valor, possam ser comercializados subsequentemente.
  • Aumentar a pipeline de produtos e serviços inovadores que podem ser obtidos pela cidade.
  • Criar novos produtos e serviços que melhorem a vida urbana para os cidadãos de Barcelona".
  • O Urban Lab é um portal para que empresas se aproximem da Câmara Municipal para realizar pilotos ou experimentos que possam melhorar a cidade. O processo de seleção é como segue:
  • Empresas com ideias para um piloto submetem uma proposta para o Conselho do Urban Lab, que compreende funcionários do 22@ Barcelona e representantes da câmara municipal.
  • Caso selecionado, o Urban Lab identifica lugares onde ele pode ser testado, e pareia a equipe com os funcionários públicos que gerenciam as locações onde o piloto terá base.

O Impacto Público

Desde 2008, 80 projetos foram apresentados em uma gama de tópicos, um quarto dos quais foram testados nas ruas de Barcelona. Dos projetos com pilotos na cidade, o Escritório de Crescimento Econômico de Barcelona estima que 90% seguiram para desenvolver um negócio com base em seu projeto piloto.

Por exemplo, a empresa de cidades inteligentes, Ubriotica, está experimentando com sensores para gestão de resíduos, instalando-os em lixeiras ao longo da Avenida Diagonal de Barcelona, para medir os níveis em lixeiras públicas e ajudar a tornar a coleta de lixo mais eficiente. Este projeto é em parceria com a cidade e o prestador de gestão de resíduos.

Em 2014, o Urban Lab foi escolhido como um dos melhores 20 projetos no mundo pela i-Teams, uma fundação para inovação criada por Bloomberg Philanthropies e a Nesta do Reino Unido. No mesmo ano, Barcelona foi reconhecida como a Capital Europeia da Inovação (iCapital).

Este estudo de caso aprimorado faz parte da série de entrevistas com gestores de políticas públicas do CPI. Para a série, o CPI conversou com legisladores do mundo inteiro sobre suas políticas, criação de políticas e vida no governo. O protagonista entrevistado para este estudo de caso é Josep Pique, ex-CEO do Escritório de Crescimento Econômico, da Câmara Municipal de Barcelona.

O que funcionou
e o que não funcionou

Todos os casos no Observatório de Impacto Público do CPI foram avaliados quanto a desempenho com relação aos elementos dos Fundamentos de Impacto Público do CPI.

Legitimidade

Engajamento dos Stakeholders Ótimo

O Barcelona Urban Lab envolveu diferentes stakeholders locais, indo de cidadãos locais, empreendedores, até a câmara municipal e o projeto 22@Barcelona. Foi de responsabilidade da câmara municipal promover a iniciativa e facilitar o uso de espaços públicos para a implementação de testes piloto, enquanto que o objetivo do 22@Barcelona foi regenerar a área industrial de El Poblenou.

A câmara municipal fornece o relativamente modesto financiamento por meio dos salários de seus funcionários. "O único custo direto associado com o funcionamento do Urban Lab é um gasto anual de pouco menos de £185.000, que financia os funcionários". [6] Ao mesmo tempo, stakeholders locais externos, tais como Bitcarrier, Connecthings, Urbiotica e Zolertia realizavam seus projetos piloto nas ruas da própria Barcelona.

Compromisso Político Bom

O Barcelona Urban Lab foi fortemente apoiado pelo prefeito, a câmara municipal, e Josep Pique, ex-CEO do Escritório de Crescimento Econômico, a Câmara Municipal de Barcelona, e ex-diretor do 22@Barcelona. Houve apoio contínuo de atores políticos para o projeto, e foi deixado claro que os atores políticos compreendem os problemas que a cidade de Barcelona terá de enfrentar no futuro. Da mesma forma, Josep Pique enfatizou que os atores políticos compreendiam que 'se trata de ter um sistema para gerenciar o futuro'. "Políticos estão gerenciando o futuro, pois estão enviando mensagens, mas é preciso entregar este futuro [...], é preciso criar um sistema para gerenciar qualquer oportunidade. [...] Inovação significa compreender que é preciso gerenciar o presente para poder criar o futuro". [7]

Confiança Pública Bom

Antes do início do projeto 22@Barcelona, seu objetivo foi também remodelar o distrito de 'El Poblenou' de Barcelona, cuja população vinha declinando drasticamente durante as últimas décadas. El Poblenou é um bairro que é conhecido localmente como a 'Manchester Catalã' por sua herança industrial e edifícios industriais antigos. Entre 1970 e 1991, o bairro perdeu mais de 25% de seus habitantes como consequência direta da degradação da indústria local. Entre 1963 e 1990, não menos de 1.300 empresas locais desapareceram. O projeto 22@Barcelona teve por objetivo remodelar a área e trazer de volta 100.000 habitantes dentro de 10 anos. Ele criou mais de 60.000 empregos na área e também respeitou a herança industrial única de mais de 134 edifícios da metade do século dezenove, todos os quais eram muito populares com a população local. [8] [9]

Após o início do projeto, a cidade de Barcelona fez um esforço para aumentar a transparência e a participação dos cidadãos, que teve um efeito direto no projeto 22@Barcelona. Barcelona lançou o projeto Governança Aberta, parte do qual criou plataformas governamentais específicas para que os cidadãos introduzissem suas ideias. Este projeto ajudou a suportar a interação de cidadãos no projeto 22@Barcelona. O ex-diretor Josep Pique indicou que esta iniciativa foi especificamente importante para ajudar os cidadãos a se envolverem e a definir os desafios que a cidade enfrentará no futuro. [10] [11]

Política

Objetivos Claros Bom

Os objetivos foram claros: "fomentar inovação comercial; ... permitir que empresas testem produtos inovadores em um local real; [e] ... aprender e criar novos produtos ou serviços que sejam capazes de oferecer melhorias para os cidadãos de Barcelona". [12]

A área de regeneração urbana de El Poblenou é utilizada como campo de testes para ideias inovadoras para melhorar a qualidade de vida, e as ideias que funcionaram melhor na prática poderiam, então, ser implementadas por toda a Barcelona. "O Urban Lab se vê como um portal para que empresas abordem a câmara municipal sobre realizar pilotos ou experimentos que possam melhorar a cidade." [13]

Evidências Bom

O Barcelona Urban Lab é um dos primeiros projetos de seu tipo. Portanto, as chances de referenciar projetos similares são pequenas. A ideia de criar o Urban Lan veio do próprio ex-CEO Josep Pique, após descobrir que empreendedores e SMEs continuavam vindo ao 22@Barcelona, pedindo para testar suas ideias na cidade. Ele disse que 'descobriu uma lacuna' onde tecnologias inovadoras criam novas oportunidades que podem ter um impacto positivo para o cidadão. O processo de contratação pública usual não permitia testar essas tecnologias e elas eram automaticamente desprezadas como um resultado de 'não estar acostumado a elas'. Por exemplo, iluminação de LED para as ruas de Barcelona era uma tecnologia nova na época, mas os técnicos da cidade estavam relutantes em utilizar uma nova tecnologia que nunca haviam visto antes. Portanto, Josep Pique disse: "Eu precisei criar um espaço entre a contratação pública e a inovação para permitir que os empreendedores mostrassem o que tinham." Em suas próprias palavras, ele queria criar um processo que permitisse que o público "aprendesse antes de comprar e como aplicar [novas tecnologias] no futuro". [14]

Viabilidade Ótimo

O Urban Lab desenvolveu um modelo de baixo custo, mobilizando os ativos da cidade para encorajar o investimento do setor privado em inovação. O único custo direto associado com o funcionamento do Urban Lab é o gasto anual de pouco menos de £185.000, que financia os funcionários. O processo de seleção funciona bem e há um "pipeline de produtos e serviços inovadores que podem ser obtidos pela cidade". [15]

O sistema básico que criou este modelo de baixo custo foi conduzido por um ecossistema rápido de startups envolvidas. A estrutura única do Urban Lab significou que as startups estavam pagando por seus pilotos de tecnologia no distrito de El Poblenou como um período de testes. Isto foi bom no início, pois este "piloto de teste" significou que o Urban Lab é o primeiro cliente de um novo produto para a cidade de Barcelona. Isto também cria evidências de que uma tecnologia está funcionando, o que ressoa bem com potenciais investidores em uma startup comercial.

Esta estrutura significou que não houve muitos funcionários da 22@Barcelona envolvidos, o que reduziu os custos. Durante todo o processo, estima-se que apenas um máximo de três a quatro pessoas trabalhariam nos Urban Labs, enquanto que o ecossistema de startup criou um ambiente de economia com novas inovações com as quais aprender. [16]

Ação

Gestão Bom

O programa exige apenas três funcionários diretos, e o envolvimento direto da câmara municipal, principalmente do Escritório de Crescimento Econômico. O processo de seleção é bem gerenciado e há um fluxo de potenciais projetos dentre os quais escolher. Adicionalmente, ele conecta SMEs com os funcionários técnicos da câmara, que podem apoiar os aspectos logísticos da inovação.

Medição Bom

"O Urban Lab mede seu impacto por meio do número de pilotos que gera [(16 até 2014)], e sua duração, satisfação pública com os pilotos, o número de pilotos comprados em Barcelona ou outras cidades, bem como desempenho da empresa, tal como crescimento e giro de funcionários. O Urban Lab avalia impacto utilizando dados administrativos, pesquisas de opinião de usuários e análise de relação custo-eficácia."

O Escritório de Crescimento Econômico de Barcelona estima que 90% seguiram para desenvolver um negócio com base em seu projeto piloto.

Apesar de não diretamente relacionado, o crescimento no número de empresas e funcionários em Barcelona após a implementação do Urban Lab também pode ser considerado um instrumento de medição. Até 2010, o número de empresas em Barcelona cresceu 4,2%, e o número total de funcionários 5,6%.

Alinhamento Ótimo

Há cooperação próxima entre as partes interessadas internas e externas no desenvolvimento de projetos do Urban Lab. O processo de seleção envolveu o 22@Barcelona, funcionários do Urban Lab, e o SME promovendo a ideia. Caso o projeto seja selecionado, o Urban Lab identifica locações onde ele pode ser testado, e pareia a equipe com 'técnicos da cidade', os funcionários públicos que gerenciam os locais onde o piloto terá base.

Em 2014, era verdade dizer que "nenhuma das empresas havia virado vendedora para a cidade de Barcelona, e a maioria havia deixado a cidade para se fixar em outras cidades da Espanha ou internacionalmente. Isto reflete um dos principais desafios desta abordagem a inovação aberta". [17]

Entretanto, este problema foi abordado. "A empresa francesa Connecthings está atualmente trabalhando com a Câmara Municipal de Barcelona, tendo participado do programa em 2013 ... Ela agora instalou rótulos com o emblema sem contato nos abrigos inteligentes da cidade, nas estações de bicicletas 'bicing' e alguns museus, por meio dos quais o público pode obter informações ao ler os códigos instalados ... com seus smartphones." [18]

Laboratório Urbano de Barcelona: utilizando a cidade
como campo de testes para inovação

Panorama de resultados

Ótimo
Bom
Razoável
Fraco

Este estudo de caso foi originalmente publicado em inglês no "The Public Impact Observatory" do Centre for Public Impact (CPI).Outras publicações podem ser acessadas em: Centre for Public Impact.

Bibliografia

Building up Barcelona, Centro de Impacto Público (CPI - Centre for Public Impact), 10 de maio de 2018.

Barcelona becomes an international ‘smart’ laboratory benchmark, Alba Rodriguez, 25 de setembro de 2014.

Barcelona Urban Lab, 22@Barcelona.

El 22@ transformara el Poblenou, Alberto Larriba, Catalunya Construye.

Innovative and Smart Cities, Abril de 2014, The Barcelona Urban Lab.

Poblenou, el experimento ciudadano, Ferran Sales, 12 de Março de 2007, El Pais.

The teams and funds making innovation happen in governments around the world, pp.14-16, Ruth Puttick, Peter Baeck & Philip Colligan, 2014, i-teams, Nesta and Bloomberg Philanthropies.

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