A prevalência de infecção por HIV dentre zambianos - em 2013, 1,1 milhões estavam vivendo com a doença - exige um número de iniciativas coordenadas para conseguir uma redução. Uma dessas iniciativas é o Projeto Mwana, da UNICEF, que utiliza telefones móveis para ajudar a melhorar o tratamento de bebês infectados com HIV.
A Zâmbia foi fortemente afetada pela epidemia de HIV, com uma estimativa de 13,5% da população geral infectada com HIV, de acordo com um estudo pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS, em 2009. Mulheres têm maior probabilidade de serem afetadas, e a transmissão de HIV de mãe para filho é a causa de 10% de novas infecções.
Bebês expostos precisam de um tipo especial de teste de detecção de HIV. Devido a recursos humanos e infraestrutura limitados, transportar os resultados iniciais de testes diagnósticos de bebês para uma unidade de saúde era sujeito a atraso ou não chegada. Isto, por sua vez, atrasava o início da terapia antirretroviral para bebês HIV positivos, reduzindo de forma significativa suas chances de sobrevida.
O Ministério da Saúde zambiano convidou a UNICEF a projetar uma solução para o problema. [1] Eles responderam com o Projeto Mwana, uma iniciativa de saúde móvel que utilizava tecnologias móveis para [2]:
Houve um impacto social positivo:
Resta saber, entretanto, se o projeto levou a uma redução significativa no número de mortes de bebês relacionadas ao HIV na Zâmbia. Mas o uso de uma solução técnica avançada é apropriado para a Zâmbia com seu agora crescente setor de tecnologia.
Todos os casos no Observatório de Impacto Público do CPI foram avaliados quanto a desempenho com relação aos elementos dos Fundamentos de Impacto Público do CPI.
O Projeto Mwana foi sustentado por um número de parcerias, a central delas sendo entre a UNICEF e o Ministério da Saúde zambiano. Houve outras, também, todas experientes em lidar com projetos de saúde relacionados a HIV, incluindo o Centro da Zâmbia para Pesquisa e Desenvolvimento Aplicados a Saúde (ZCHARD - Zambia Centre for Applied Health Research and Development), uma afiliada da Universidade de Boston e ONGs locais; a Parceria de Prevenção, Cuidado e Tratamento da Zâmbia (ZPCT - Zambia Prevention, Care and Treatment Partnership) e a Iniciativa de Acesso à Saúde de Clinton (CHAI - Clinton Health Access Initiative). Esses stakeholders foram bem coordenados:
Conforme declarado acima, as principais formas de financiamento e implementação foram a UNICEF e o Ministério da Saúde Zambiano, que foi um departamento governamental central, altamente comprometido com o projeto.
Entretanto, houve muita pouca confiança pública no Ministério da Saúde Zambiano, devido a grave corrupção dentro do ministério:
Os objetivos do projeto foram declarados de forma clara na proposta da UNICEF no início. Eles abordavam os problemas de frente e a UNICEF manteve a visão da política durante todo o projeto, resultando em um escalonamento do projeto com os mesmos objetivos.
O projeto teve como base evidências de um número de pilotos, e das múltiplas partes interessadas, utilizando os resultados para refinar sua abordagem:
A UNICEF também firmou parceria com a frog™, uma empresa de tecnologia que designou uma equipe pro bono para apoiar o projeto e avaliar sua abordagem técnica.
O projeto foi desenhado para funcionar mesmo em áreas rurais sem uma rede móvel. Dada a infraestrutura limitada, e a infraestrutura de transporte inconstante, a tecnologia de saúde móvel foi selecionada como o melhor e mais viável meio de entrega de relatórios de saúde.
A preparação de escalonamento focou em tornar a infraestrutura mais robusta para permitir que o sistema lide com os estresses da expansão. Apenas um servidor, localizado na sede do Ministério da Saúde em Lusaka, foi exigido para a implementação do sistema.
Construir um sistema com base em SMS envolveu alguns custos fixos iniciais (por exemplo, para treinamento, um servidor e supervisão), mas houve economias claras a serem feitas em comparação à comunicação física, com base em correio, de dados médicos.
Ter parceiros especialistas competentes e agências interessadas que entendiam o conceito de entrega muito bem foi central para o projeto. A estrutura de gestão foi forte neste projeto, sendo implementada pelo Ministério da Saúde Zambiano com o apoio da UNICEF e seus parceiros colaboradores. A ZPCT, por exemplo, possuía a experiência de campo e divulgação que permitiu que a gestão do projeto evitasse criar estruturas e sistemas paralelos e apoiasse a integração de programas em níveis de distrito e unidade.
No nível nacional, houve um gerente de projeto dedicado, com as habilidades técnicas e de parceria necessárias que desempenhou um papel central em garantir o sucesso do projeto.
Há evidências de um mecanismo e estrutura adequados para monitorar e avaliar o piloto e escalonar o projeto:
Os desafios do projeto incluíram a propriedade do projeto antes do início e o número de parceiros externos, que criou alguns problemas de coordenação iniciais, apesar de terem sido resolvidos eventualmente. Os atores foram todos proativos e esforços foram feitos para garantir que estivessem bem equipados para implementar o projeto:
Este estudo de caso foi originalmente publicado em inglês no "The Public Impact Observatory" do Centre for Public Impact (CPI).Outras publicações podem ser acessadas em: Centre for Public Impact.
Key donors to reinstate health funding to Zambia, Ann Danaiya Usher, 8 de agosto de 2015, The Lancet, Volume 386, No. 9993, p519-520.
Health funding frozen after corruption alleged, IRIN, 27 de maio de 2009.
Project Mwana: Using mobile technology to improve early infant diagnosis of HIV, UNICEF Zâmbia.
Zambia 'Project Mwana: Using mobile phones to improve early infant HIV diagnostic services, UNICEF.