A população de Londres já é de 8,6 milhões e espera-se que aumente para 10 milhões até 2030. Isto colocará grandes demandas no sistema de transporte da cidade e nas ferramentas de informação que a autoridade de transporte, Transport for London (TfL), fornece a seus clientes. Um aspecto desta resposta tem sido abrir suas fontes de dados para desenvolvedores de software, que podem utilizar os dados para criar seus próprios aplicativos.
A Transport for London (TfL) é a autoridade de transporte que gerencia o metrô, ônibus e os serviços de trens de Londres. Para lidar com o rápido crescimento no número de jornadas de clientes, ela precisa fornecer uma vasta quantidade de informações sobre esses serviços. Ela já percebeu o valor de utilizar dados abertos e ferramentas digitais para entregar informações mais rapidamente. Agora ela precisa levar essa abertura para o próximo nível.
Em 2010, a TfL respondeu à pressão de desenvolvedores de software, que há muito queriam explorar seus dados em seus aplicativos, estabelecendo um Armazenamento de Dados da Autoridade da Grande Londres (GLA - Great London Authority). Eles reconhecem que o público, que financiava a TfL, eram os verdadeiros proprietários dos dados, e anunciaram que os conjuntos de dados seriam amplamente disponibilizados.
Declararam que fornecer esses dados abertos gratuitos fazia parte do compromisso da TfL de ser transparente e oferecer melhores produtos e serviços para os clientes. Também ajudaria os desenvolvedores a utilizar os dados para produzir aplicativos de informações de viagem inovadores e valiosos para seus clientes.
Os dados, disponíveis gratuitamente, foram liberados como parte do compromisso da TfL de abrir as informações que possui. A TfL continuaria a desenvolver seus próprios recursos, tais como o Planejador de Jornada e os horários de ônibus ao vivo, e estes seriam complementados por desenvolvedores terceiros ou de economia digital emergentes, criando aplicativos para smartphones utilizando os dados fornecidos gratuitamente pela TfL.
Houve impacto público positivo considerável como resultado da política de dados abertos da TfL e seu próprio uso de dados:
Todos os casos no Observatório de Impacto Público do CPI foram avaliados quanto a desempenho com relação aos elementos dos Fundamentos de Impacto Público do CPI.
A TfL fez diversas tentativas de envolver e interagir com stakeholders e de receber seus comentários:
Há um compromisso político muito forte. O prefeito atual tem apoiado a iniciativa e o programa deu origem a diversas outras iniciativas de dados abertos no Reino Unido.
O governo mais amplo também apoia o conceito de dados abertos, conforme evidenciado pelo investimento que estão fazendo no treinamento de funcionários do setor público para compreender os dados abertos, utilizando cursos fornecidos pelo Open Data Institute. [5]
A iniciativa faz parte da estratégia digital da TfL e do compromisso do prefeito de colocar os dados governamentais em domínio público por meio do London Datastore. O prefeito vê a TfL como bem posicionada para facilitar as jornadas das pessoas por Londres graças ao suporte do setor de tecnologia bem-sucedido da capital.
Uma vez que as pessoas utilizam cada vez mais dispositivos móveis em todos os aspectos de sua vida diária, a TfL considera vital tornar o acesso dessas informações o mais fácil possível para os clientes, tanto por meio de seus próprios serviços quanto por aqueles de seus parceiros e outros terceiros.
A forte resposta à iniciativa de dados abertos e o dinheiro público que ela economizou tornou este um programa popular, particularmente com o setor de tecnologia de Londres. Após a TfL ter aberto o API, em 2010, solicitações para dados aumentaram de 180.000 para 10 milhões. [6]
Os objetivos da política foram claramente estipulados e foram mantidos durante todo o projeto. Isto é evidente pelo fato de que um website de Datastore foi construído, onde novas atualizações são adicionadas regularmente e é feito de forma otimizada para desenvolvedores. [7] Isto está alinhado com o compromisso da TfL de ser transparente e ajudar a fornecer melhores produtos e serviços para os clientes.
Não encontramos informações que ilustrem que a TfL se inspirou em determinadas normas já em vigor, ou utilizou evidências para o desenvolvimento do projeto. Eles consultaram as partes interessadas sobre a entrega e conduziram alguns testes beta para o lançamento do programa, tais como o aplicativo de chegadas de ônibus ao vivo.
Em todo caso, a decisão de abrir os dados da TfL foi, em grande parte, uma decisão experimental, uma vez que o caso comercial para dados abertos foi difícil de modelar.
Diversas preocupações referentes a recursos, custos e capacidades foram abordadas enquanto a TfL desenvolvia um modelo pelo qual fornece os dados e os terceiros criam os aplicativos. Este foi o modelo escolhido pois:
Houve contratempos. Em julho de 2010, uma parada temporária precisou ser feita na recém-introduzida atualização de API, pois o experimento de dados abertos de Londres estava despreparado para a enorme e repentina demanda. Devido à demanda esmagadora por aplicativos que utilizam o serviço, a atualização precisou ser temporariamente suspensa.
Há mecanismos em vigor para garantir que o programa seja eficaz e que o modelo funcione sem problemas. Os projetos são entregues pela TfL, o órgão que liderou de forma competente a iniciativa. Há evidências de problemas sendo resolvidos prontamente, o projeto não possui uma estrutura clara.
Após uma atualização de rotina em outubro de 2010, o fornecimento de alguns dados a desenvolvedores foi interrompido inadvertidamente e a TfL foi incapaz de notificar os desenvolvedores com antecedência. Eles trabalharam diretamente com os desenvolvedores para abordar e resolver o problema e também liberaram uma declaração reassegurando os usuários sobre seu compromisso com a abertura de dados. Isto indica uma resolução rápida e pragmática de problemas.
A TfL se vê como uma inovadora no campo de transporte (com alguma justiça, de acordo com os especialistas): "É uma tradição que remete ao início do Transporte de Londres," disse o Professor Stephen Glaister da RAC Foundation. [8] Eles possuem experiência significativa em gerenciar inovação com sucesso.
Não há um mecanismo discreto em vigor para medir o desempenho do programa, pois a adoção dos dados por aplicativos é suficiente para aferir seu sucesso. Os comentários recebidos de desenvolvedores durante a criação desses aplicativos ajudam a monitorar o programa, criando um ciclo de comentários contínuo que também permite um refinamento iterativo da abordagem.
Este processo de comentários é combinado com padrões de qualidade robustos. A TfL possui um número de procedimentos de verificação de dados em vigor para garantir que as estatísticas que produzem sejam da maior qualidade e integridade possível. Estas incluem uma variedade de KPIs, mecanismos e um documento de normas de gestão de informações.
Finalmente, o sucesso é medido por número de aplicativos e produtos que são criados utilizando os dados.
A TfL iniciou e firmou parcerias com muitas organizações no desenrolar do programa, criando diversas iniciativas para envolver atores e colaborar com eles. Entretanto, o formato dos dados inicialmente dificultou para os desenvolvedores adotarem os dados, apesar de medidas sempre serem tomadas para superar esta falha, como quando a TfL lançou o novo API único em 2014 para padronizar e utilizar formatos mais fáceis.
Dentre suas muitas parcerias, a TfL firmou parcerias com a empresa de mídia e publicidade Clear Channel Reino Unido para testar uma ferramenta de mapeamento em tempo real em um ponto de ônibus no centro de Londres. Isto é indicativo de olhar para além de empresas de tecnologia para divulgar o programa.
Este estudo de caso foi originalmente publicado em inglês no "The Public Impact Observatory" do Centre for Public Impact (CPI).Outras publicações podem ser acessadas em: Centre for Public Impact.
Transport for London - Transparency Strategy, Outubro de 2015.
New open data feeds help Londoners plan better journeys, website da TfL, 27 de janeiro de 2016.
Government pours £150,000 into open data training for public sector staff, Michael Passingham, 25 de fevereiro de 2014.
Live tube map halted as TfL hit by 50-fold growth in web calls, Charles Arthur, 2 de julho de 2010, The Guardian.
Open data and driverless buses: how London transport heads to the future, Gwyn Topham, 13 de agosto de 2014, The Guardian.