O servidor público tem o mindset necessário para promover a transformação digital de serviços governamentais no Brasil? Esta foi a principal pergunta do painel de abertura do FUTUREGOV, programação que integrou o FUTURECOM, um dos maiores eventos de transformação digital da América Latina, que ocorrerá nos dias 29, 30 e 31 de outubro em SP.
Participaram do painel Júlio Semeghini, Secretário-executivo do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Letícia Piccolotto, Fundadora e Presidente do BrazilLAB, Gustavo Maia, Fundador do COLAB e Sérgio Paulo Galindo, Presidente Executivo da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). A mediação foi de Wesley Vaz, Secretário de Gestão de Informações do Tribunal de Contas da União (TCU).
Em sua fala, Letícia Piccolotto destacou o ponto de vista da sociedade civil em relação à transformação digital de governos. “Além do BrazilLAB, tambem presido a Fundação Brava, e é a partir daí que olhamos. Nessa perspectiva, um ponto fica muito claro: temos que reunir, em torno da pauta de GovTech, todos os atores possíveis. Precisamos envolver a academia, a sociedade civil e a população no geral. A comunicação é fundamental. Os impactos da tecnologia precisam ser apresentados de forma bem didática, para que fiquem claros para a população. Isso vai contribuir para a pressão pelas mudanças necessárias”, afirmou ela.
A seguir, Letícia explicou a atuação do BrazilLAB. Ela destacou o papel de “ponte” que o hub exerce entre startups e governos, contando sobre o 4º Ciclo de Aceleração, que já está com as inscrições abertas (todas as informações você encontra neste link). “Nesses quatro anos de operação, nós focamos no entendimento dos desafios da esfera municipal, uma vez que é nas cidades que estão os maiores gargalos de atendimento à população”, contou a Fundadora do BrazilLAB. “Agora, estamos expandindo essa atuação para os poderes judiciário e legislativo”.
Letícia Piccolotto também falou sobre as estimativas de crescimento do mercado de GovTech, que está em “plena expansão”. “De acordo com a McKinsey, o segmento deve movimentar cerca de 400 bilhões de dólares até 2025. Então, além do imenso impacto social causado pela digitalização de governos, o segmento traz grandes oportunidades para a força empreendedora do Brasil”.
A Fundadora do BrazilLAB finalizou sua fala com um convite: “vamos canalizar essa força empreendedora na direção do governo. Convido vocês a conhecerem o nosso Programa de Aceleração, os três desafios que ele propõe, para acelerarmos a transformação digital de que o país tanto precisa.”
Em sua apresentação, o Secretário-executivo Julio Semeghini ressaltou os papéis do governo nesse processo de transformação: o primeiro é se modernizar também, atualizar-se em relação à sociedade. E o segundo papel, ainda mais importante, é criar a infraestrutura que possibilite a digitalização.
“Hoje, estamos focados na construção dessa infraestrutura”, afirmou o Secretário-executivo. “A mudança começou a acontecer mais rápido com a aprovação, pelo congresso, do PLC (Projeto de Lei da Câmara) 079, que muda a legislação de muito tempo atrás sobre concessões. A lei era focada em telefonia fixa, por exemplo; Então, estamos mudando para que as empresas possam migrar do serviço de concessão de telefonia para o serviço de banda larga, que é o que o brasileiro precisa. Temos que criar essa grande infraestrutura e garantir o acesso aos serviços digitais. É um mundo novo, cheio de oportunidades, e estamos fazendo as mudanças para entrarmos de vez nele”.
Na esfera governamental, merece destaque o trabalho da Brasscom. Neste ano, a Associação presidida por Sérgio Paulo Galindo aprovou um plano estratégico que tem foco em políticas gerais para a inovação. “O que estamos procurando é fomentar um ambiente de negócio competitivo e inovador, e para isso é preciso atuar para mudar a cultura e o mindset”, conta Galindo.
De acordo com ele, alguns anos atrás, o termo “governo digital” nem era aceito. “Hoje, o cenário é bem diferente, o que mostra que a mobilização encabeçada pela Brasscom e por entidades como o BrazilLAB está trazendo bons frutos”. Sérgio Paulo Galindo também destaca a iniciativa da Brasscom que convidou diversos órgãos de governo a compartilharem experiências com a inovação. “Essa troca ajuda a mudar a cultura. Muitos gestores públicos entenderam que é preciso assumir o risco, perceberam que errar faz parte do jogo”.
O Presidente da Brasscom também alertou sobre a carência de profissionais capacitados no país. “As estimativas de investimento em tecnologias de transformação digital no Brasil são da ordem de 345 bilhões de reais até 2022. Mas precisamos fazer o dever de casa, que é o de formação de pessoas. Só o setor de softwares vai precisar de 400 mil profissionais nos próximos anos. Precisamos de uma reforma curricular para atender a essas demandas muito especializadas”.
Ele foi além: “também é preciso fomentar a diversidade e incluir mais jovens e mais negros no setor de tecnologia. Essa é nossa ordem do dia na Brasscom. Esperamos que o Brasil inteiro se mobilize pela educação para que não percamos essa onda de investimentos que vem por aí”, finalizou Sérgio Paulo Galindo.
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