“Construir uma agenda digital para o Brasil”: esse foi o principal objetivo da primeira edição da convenção GovTech Brasil 2018 realizada em São Paulo, no início do mês de agosto. Nos dois dias de evento, empreendedores, especialistas e autoridades das mais diversas áreas reuniram-se para debater os maiores desafios da inovação no setor público.
Na conclusão do 2º dia -- e da convenção --, a pauta foi o futuro imediato de GovTech no Brasil. Candidatos à presidência do país foram convidados a compartilhar, com Luciano Huck e a platéia, suas visões a respeito da tecnologia e da inovação no setor público. Participaram cinco entre eles: João Amoêdo (Novo), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede).
Assista ao vídeo do painel dos candidatos à presidência:
Transferência de poder e identificação digital
Primeiro a debater, João Amoêdo (Novo) refletiu sobre como o uso da tecnologia no setor público vai implicar uma “transferência de poder” de políticos para a sociedade. “Queremos usar a tecnologia para devolver o controle para as pessoas. A plataforma tem que ser de prestação de serviço e, com a inovação, isso vai implicar tirar poder do governo”. Amoêdo também defendeu o uso de tecnologias como blockchain para reduzir a burocracia, “principalmente a dos cartórios”.
Segundo a subir ao palco, Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que todos os temas de seu programa de governo têm uma perspectiva digital. “Temos uma equipe focada no digital, ajudando a pensar a unificação de documentos e a facilitar a participação e a consulta popular” por meio da tecnologia. Tanto ele quanto João Amoêdo concordaram que é preciso investir na identificação digital para todos os brasileiros. O candidato do PSOL falou também da universalização do acesso à internet e do uso da tecnologia para aumentar a participação popular no governo.
Tecnologia para desburocratizar
O discurso de Henrique Meirelles (MDB) foi pelo mesmo caminho: tecnologia para simplificar e desburocratizar a vida dos cidadãos. “Como ministro (da Economia), fiz projetos importantes, como a digitalização de todas as operações da receita federal,” lembrou ele. “Temos o problema da complexidade burocrática. A quantidade de horas gastas em pagamento é gigante – precisamos trazer facilidade, rapidez, transparência. Depois estender à toda a sociedade,” afirmou o candidato do MDB.
Meirelles lembrou, também, que atualmente o governo federal tem 48 apps que o cidadão tem que ter para se relacionar. E destacou que é preciso integrá-los: “Precisamos de algo unificado, centralizado, único. Para isso precisa de um geek como presidente,” concluiu, afirmando ser o “Meirelles Geek”.
Já Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que sua principal proposta para a área é de que “o Brasil volte a crescer simplificando, desburocratizando, destravando a economia. De acordo com ele, “Não tem como fazer sem agenda digital. Essa não é uma questão de ministério. O Brasil tem 17 mil km de fronteira seca. Sem tecnologia é impossível monitorar isso. Então, precisa ser implementado na segurança, na saúde, na educação, visando redução de custos e de ser uma vacina contra desvios. Vai ajudar a melhorar a prestação de serviços, a avaliação, a eficiência”, disse o candidato do PSDB.
Proteção ambiental e transparência
Encerrando os debates e o evento, Marina Silva (Rede) afirmou que a tecnologia deve ser usada para “termos um estado aberto e transparente, para que as pessoas sintam que é mais acessível do que só disponibilizar informações e dados”. Falando sobre diversas áreas, ela enfatizou a importância da inovação em ações de combate a crimes ambientais, na detecção de desmatamento e na proteção da biodiversidade.
A presidenciável da Rede também falou da importância da inovação para a transparência das ações de governo -- sobretudo em questões ambientais. “A tecnologia deve, por exemplo, disponibilizar dados sobre o desmatamento da Amazônia para universidades e ONGs, mesmo que isso possa gerar constrangimento ao governo”. “É a tecnologia à serviço da proteção do meio ambiente, da ética na política, do cidadão”, afirmou.
E concluiu: “A Amazônia não espera, as mudanças climáticas não esperam. Vai depender da urgência de cada caso, dos melhores custos, serviços, produtos, materiais em benefício da sociedade.”
Encerrou-se, assim, a primeira edição do GovTech: debatendo-se a fundo os desafios do presente e apontando caminhos para o futuro.
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