O BrazilLAB ganhou destaque na publicação de março de 2022 no Valor Econômico de São Paulo. Intitulada "Govtechs modernizam transações do poder público ", a matéria traz sobre o crescente interesse no mercado de Govtechs, além de entrevista no assunto com o cofundador e CEO da BrazilLAB, Guilherme Dominguez. Confira abaixo a matéria na íntegra:
Brasil ocupa a sétima posição em transformação digital no setor público, segundo o Banco Mundial
Govtechs modernizam transações do poder público*
*Matéria publicada por Kátia Simões no Valor Econômico
O anúncio do aporte de R$ 7,5 milhões feito pela Agência Estadual de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (AgeRio) no fundo das gestoras de capital de risco KPTL e Cedro Capital voltado ao mercado de govtechs, no início de março, ilustra o momento de interesse crescente pelo mercado dessas startups, que desenvolvem soluções e serviços voltados para o setor público. “O pioneirismo da AgeRio ajudará na adesão de outras agências de fomento, colaborando para que a inovação se torne uma realidade também na esfera pública”, afirma Adriano Pitoli, head do fundo GovTech, da KPTL.
Pioneiro na América Latina dedicado a startups com esse perfil, o fundo foi lançado em março de 2021 e tem como meta captar R$ 200 milhões em cinco anos, a fim de alavancar 30 govtechs. “Trata-se de um mercado promissor, porque há um déficit gigante na quantidade e na qualidade dos serviços prestados. A demanda desassistida é imensa”, diz Pitoli. Segundo ele, em 2017, o governo federal tinha 561 serviços digitalizados e, hoje, são cerca de três mil. “Número bem abaixo do ideal quando se trata de ofertas federais e infinitamente menor quando se refere a Estados e municípios.”
As estimativas são de que o setor alcance US$ 1 trilhão no mundo até 2025, segundo dados da consultoria Public. O Brasil está entre os principais atores desse mercado. De acordo com o Índice de Maturidade das Govtechs de 2020, do Banco Mundial, o país ocupa a sétima posição em transformação digital no setor público, alcançando patamar quase duas vezes mais alto do que a média mundial - 0,92 contra 0,52 do índice global.
Para Guilherme Dominguez, cofundador e CEO do BrazilLAB, hub de inovação govtech que conecta startups ao poder público, embora o avanço seja claro, esse ainda é um mercado subaproveitado. “Das cerca de 13 mil startups brasileiras, pelo menos 1.500 teriam perfil para atuar no “business to government” (B2G), caso desejassem ofertar suas soluções tecnológicas para governos”, afirma. “No entanto, apenas 80 vendem de maneira consistente para governos ou atuam em parcerias com o setor público de forma recorrente.”
Os dados destacados por Dominguez fazem parte do relatório “As Startups GovTech e o Futuro do Governo no Brasil”, lançado em 2020, pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) em parceria com o BrazilLAB.Entre as govtechs mais atuantes está o Portal de Compras Públicas, que permite aos órgãos públicos e governos promover pregões eletrônicos de maneira gratuita - quem paga pelo acesso são os vendedores. Lançada em 2016, a plataforma, que opera como um marketplace, começou com 118 parceiros e pouco mais de 10 mil fornecedores. Hoje, são 2.400 municípios compradores e 295 mil empresas fornecedoras. “Os números traduzem o potencial desse mercado”, diz Leonardo Ladeira, cofundador e CEO da govtech. “Em 2021, transacionamos R$ 61 bilhões, mais do que o Bolsa Família.”
Com faturamento projetado de R$ 13 milhões para este ano, a govtech se prepara para abrir operação em Portugal. “Estamos nos adaptando à legislação, mas o modelo de negócio será o mesmo.”
Quem também viu uma boa oportunidade em negociar com órgãos públicos foi Callebe Mendes, CEO da Zapay, especializada em pagamento e parcelamento de débitos de trânsito. “Não vou dizer que seja fácil, demoramos quase um ano para fechar contrato com o Detran do Distrito Federal”, afirma. “Quatro anos depois, temos parceria com 25 Detrans, atendendo 95% da frota nacional. A expectativa é que em 2022 pelo menos 600 mil transações sejam feitas pela plataforma”, afirma.