Estudo inédito realizado por organizações do 3º Setor traz 8 possíveis prognósticos futuros para o serviço público

Iniciativa utilizou métodos de foresight, também conhecido como prospectiva estratégica, para identificar quais forças podem moldar o futuro dos servidores públicos brasileiros
Em 03 de December de 2021

A pandemia de Covid-19 trouxe mudanças profundas para diversos setores da sociedade. Seu surgimento e, principalmente, a extensão de seu impacto não foram antecipados e, com isso, pessoas e organizações tiveram que se adaptar instantaneamente a uma nova realidade. Mas, e se pudesse ser diferente? Se tivéssemos a oportunidade de antever possíveis cenários e, com isso, orientar ações no presente para evitar estarmos despreparados no futuro?

Isso é o que propõe o projeto “Servidor Público do Futuro”. Fruto da parceria entre a Fundação Brava, a Fundação Lemann, o Instituto Humanize e a Republica.org, e contando com o apoio do Institute for the Future (IFTF), organização de referência no tema, a iniciativa produziu a pesquisa “A Próxima Geração do Serviço Público no Brasil: cenários e ferramentas”, que traz oito possíveis prognósticos de futuro para o serviço público no Brasil. 

Diferente de um exercício de previsão ou futurologia, o chamado foresight ou prospectiva estratégica, é um modelo que busca examinar mudanças presentes para traçar tendências futuras em diferentes áreas da sociedade. Tendo por base esse exercício de antecipação analítica, espera-se que as chances coletivas de tomar melhores decisões possam ser ampliadas. 

“O pensamento sobre o futuro sempre foi crítico para governos e há exemplos de diversos instrumentos utilizados para esse exercício, como planos diretores e o planejamento orçamentário. No entanto, temos visto que essas ferramentas tradicionais não dão conta de auxiliar a difícil tarefa de compreender quais são e como agem as forças que podem trazer mudanças cada vez mais impactantes para toda a sociedade e, principalmente, para o setor público. A covid-19 foi um importante divisor de águas nesse sentido, e evidenciou o desafio que enfrentamos diante dos momentos de crise. A relevância desse projeto está em propor que adotemos uma visão antecipatória das tendências futuras, cujos sinais são vistos hoje, e que podem impactar sobremaneira a atuação dos servidores públicos”, afirma Letícia Piccolotto, Presidente Executiva da Fundação Brava e Presidente do Conselho do BrazilLAB.

 

E como será A Próxima Geração do Serviço Público no Brasil?

A crise trazida pela pandemia reforçou o quanto os servidores públicos seguem sendo fundamentais para prover serviços públicos para os cidadãos. Mas, qual é o futuro do serviço público e como isso afeta os servidores públicos? A primeira parte da resposta é que não existe apenas um futuro.

O serviço público brasileiro tem um conjunto de possibilidades mais amplo e mais diverso do que em qualquer outra época nas últimas gerações. O que se perde em previsibilidade é ganho em experimentação, em crescimento e inovação. Há uma onda de novas mudanças, demandas e tendências, de modo que os servidores públicos serão chamados a assumirem novos papéis, a desenvolverem novas habilidades e a atuarem em diferentes contextos e desafios.

O estudo mapeou oito possíveis prognósticos futuros para o servidor público no Brasil. São eles:

1. Governos municipais, grupos empresariais locais e ativistas na ponta trabalharão em conjunto para coordenar respostas políticas, fazer cumprir a regulamentação e continuar a fornecer informações para redes locais.

2. Os servidores públicos brasileiros serão incentivados a abraçar uma nova visão de seu trabalho como solucionadores de problemas empáticos, conselheiros, instrutores e restauradores sociais para uma sociedade ferida e desconfiada.

3. Como forma de melhorar a vida dos cidadãos brasileiros, o governo mudará de departamentos isolados e fixos para uma rede ad hoc de departamentos e forças-tarefa.

4. O conjunto de habilidades dos funcionários públicos mudará dramaticamente. O fato de as necessidades da sociedade estarem se tornando mais complexas e ferramentas burocráticas automatizadas estarem sendo usadas de forma mais ampla, os governos precisarão de trabalhadores com uma variedade de habilidades sociais, com uma diversidade de interesses e uma paixão pela educação cívica.

5. Mudanças nas tecnologias e novas políticas de transparência abrirão as portas dos governos para os cidadãos e atores privados.

6. Funcionários públicos e políticos contarão cada vez mais com mecanismos de vigilância para medir o quão popular - e mais importante, quão impopulares - novas leis e políticas são, com os resultados sendo usados para decidir quais legislações serão aplicadas e quais serão descontinuadas.

7. Funcionários, serviços e departamentos não-humanos surgirão à medida que a inteligência artificial se tornar mais capaz de interpretar dados e gerar políticas em colaboração com seres humanos.

8. Funcionários públicos, especialmente em países como o Brasil, serão forçados a fazer a transição de serem guardiões neutros da legislação e da burocracia para se tornarem ativistas que lutam para manter a democracia.

“É importante destacar que o papel do foresight é informar a tomada de decisão ao analisar mudanças observadas hoje e que podem resultar em futuros prováveis. Não há determinismo, uma tentativa de prever acontecimentos ou fazer recomendações sobre qual a melhor decisão a ser tomada. Os oito prognósticos apontam para tendências de futuro fortemente embasadas em evidências; o desafio a partir de então é o de entender como essas tendências, caso se consolidem, podem impactar o servidor público e, principalmente, que decisões podem ser tomadas desde já para reduzir os resultados negativos ou potencializar os efeitos positivos”, conclui Bruna Mattos, Gerente de Projetos da Fundação Brava.

 

Lançamento:

A pesquisa “A Próxima Geração do Serviço Público no Brasil: cenários e ferramentas”  será lançada no dia 02 de dezembro, às 16h, com a realização do seminário online que contará com a participação de Letícia Piccolotto, Presidente Executiva da Fundação Brava, Francisco Gaetani, Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e Jacques Barcia, Pesquisador Afiliado ao Institute For The Future (IFTF).

As inscrições para o evento são gratuitas e podem ser feitas através do link: https://www.bit.ly/ServidorFuturo

 

Sobre a Fundação Brava: A BRAVA é uma organização sem fins lucrativos que desenvolve e apoia projetos e iniciativas inovadoras e de impacto para contribuir com o desenvolvimento do Brasil.

Sobre a Fundação Lemann: A Fundação Lemann busca tornar o Brasil um lugar mais justo e equitativo, garantindo o acesso à educação pública de qualidade para brasileiros de todas as origens e apoiando o desenvolvimento de lideranças comprometidas com a transformação social do Brasil.

Sobre o Instituto Humanize: Tem como propósito apoiar a atuação estratégica de entidades de referência voltadas para a promoção das cadeias produtivas da sociobiodiversidade. Por meio de um esforço coletivo, inteligente e coordenado, a Humanize também estimula ações de inovação no setor público. Seu objetivo é contribuir para o desenvolvimento sustentável e a geração de renda, estabelecendo alianças que estimulem o empreendedorismo inclusivo, o acesso a mercados e o empoderamento de comunidades e cidadãos. 

Sobre a Republica.org: Instituto filantrópico, apartidário, não corporativo, anti-racista e 100% dedicado à melhoria da gestão das pessoas no serviço público brasileiro. Investem em projetos que nasceram com o mesmo objetivo. Financiam iniciativas de parceiros, instituições e pessoas que têm o mesmo desejo que nós: desenvolver e valorizar os profissionais do setor público no país, melhorando o atendimento a toda a população.

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