Um dos principais motivos para fundarmos o Colab no ano de 2013 foi porque percebermos a vontade da população de participar das mudanças e das decisões em suas cidades, de uma forma mais fácil e ativa. De lá pra cá, trabalhando com gestores públicos de municípios de todo Brasil, tenho acompanhado a evolução do serviço público e a busca pelo governo digital, visto por muitos como uma solução para todas as disfunções do aparato estatal.
Uma parte considerável da população e dos próprios gestores acredita que para implementar um governo digital em sua cidade basta incluir algumas ferramentas modernas nos canais de atendimento à população, adotando tecnologias e modernizando processos, o que muitas vezes faz com que o usuário precise se cadastrar em diversos sistemas e baixe vários aplicativos para ser atendido e ouvido pelo poder público.
Só que a transformação do governo tradicional em um governo digital vai muito além disso. Não se trata de apenas trazer processos analógicos para o digital, nem de um processo top down, que é pensado por gestores públicos e visa o bem-estar dos próprios, da mesma forma que também não é um processo que exclui a burocracia.
Então, o que é um governo digital? Começo por dizer que ele é uma mudança de cultura, na qual existe uma nova visão do papel do governo. Ele busca transformar o ecossistema envolvendo todos os atores da sociedade, como sociedade civil, Estado e iniciativa privada, além de criar valor público e atuar com foco no cidadão.
Transformar as instituições não é um trabalho fácil, mas é necessário, e a melhor forma de começar essa revolução é abordando o que as pessoas mais valorizam e necessitam: os serviços públicos.
Recentes estudos da OECD mostram que 71% da confiança da população no governo está ligada à qualidade dos serviços estatais. Mas além de melhorar os serviços prestados pelo governo, possibilitando formas mais fáceis e rápidas de ter acesso ao poder público, o governo digital também traz benefícios como empoderamento da sociedade, melhoria no relacionamento entre governo e cidadão através de feedbacks e diálogo, economiza recursos públicos e evita o retrabalho dos gestores.
Atualmente, alguns gestores podem ficar receosos em iniciar a transição para um governo digital em meio a pandemia, contudo, foi exatamente esta crise que nos possibilitou inovar e fazer grandes avanços no desenvolvimento dos serviços públicos, permitindo que eles fossem solicitados pelo celular e através da internet.
Mesmo com 74% da população tendo acesso à internet e sendo o 4º país com mais internautas no mundo, o Brasil ocupa o 54º lugar quando se fala de governo digital. Nosso país possui profissionais altamente qualificados e tecnologia de ponta para desenvolver-se, basta que coloquemos a mão na massa e tenhamos força de vontade para mudar esta situação.
Engana-se quem pensa que um futuro melhor para o Brasil e para os governos está distante, muito pelo contrário, ele está sendo construído agora por pessoas comuns, mas que carregam em seus corações vontade de mudança e disposição para inovar.
Toda a equipe do Colab tem trabalhado duro para viabilizar essa evolução dos governos e sua transição para o modelo digital. Nós estamos auxiliando prefeituras pelo país inteiro para se tornarem mais digitais através do aplicativo, colocando a comunicação e o relacionamento com o governo na mão das pessoas.
O ano de 2021 será decisivo para o desenvolvimento de novas tecnologias e inovações e nós intensificaremos nossos esforços para tornar o Brasil mais inclusivo, digital e colaborativo.
Mas nós sabemos que não é possível fazer a transformação digital sozinhos, por isso, caro leitor, quero te convidar para fazer parte dessa mudança com a gente, pois juntos nós podemos tornar o Brasil o principal líder em governo digital do mundo.
*Fundador e CEO do Colab, Gustavo Maia é comunicador social, especialista em Criação de Soluções Colaborativas para Governo pela Universidade de Harvard, pós-graduado no Master em Liderança e Gestão Pública do CLP, com especialização em Implementações de Políticas Públicas na Universidade de Oxford.