Entre os temas abordados no GovTech Brasil 2018, a segurança pública ocupou um lugar de destaque. O debate sobre o tema foi realizado no segundo dia do evento, e reuniu Raul Jungmann, Ministro de Segurança Pública, Ilona Szabó, Diretora Executiva do Instituto Igarapé ,e Thiago Camargo, Secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência e Tecnologia. A mediação ficou a cargo de Joana Monteiro, Presidente do Instituto de Segurança Pública.
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Crime caríssimo
Ilona Szabó deu início ao debate com dados alarmantes a respeito da segurança pública no Brasil: o país soma 62 mil homicídios por ano, sendo 70% deles cometidos com armas de fogo. E o custo econômico da criminalidade, de acordo com ela, está estimado em 4,38% do PIB.
A seguir, Ilona apresentou algumas iniciativas do Instituto Igarapé para enfrentar a situação. Todas têm a inovação como eixo principal: “o Crime Radar, por exemplo, que é um sistema de predição de crime semelhante à previsão do tempo, com dados precisos sobre a possível ocorrência de crimes em regiões e horários específicos”.
Outra iniciativa que mereceu destaque foi o Observatório de Prevenção da Violência, “uma plataforma que associa informações dos vários serviços de atendimento da prefeitura, como educação, assistência e saúde, para localizar indivíduos e famílias mais vulneráveis, com potencial para se tornarem vítimas ou perpretadores da violência,” relatou Ilona. Neste caso, o objetivo é auxiliar o poder público a adotar medidas preventivas.
Big data contra o crime
Raul Jungmann manteve o tom alarmante de Ilona Szabó. “Nós vivemos uma pré-história na segurança pública, porque o Brasil não tem política, não tem um sistema unificado de segurança,” afirmou. De acordo com o Ministro, a exemplo do que aconteceu com a “superfinflação” de algumas décadas atrás, ou enfrentamos o problema da segurança pública, ou ficará cada vez mais difícil superá-lo. “Precisamos de respostas já, e urgentes.”
Para Raul Jungmann, o primeiro passo, e mais urgente, é criar um sistema único de segurança pública, o que “é possível construir com tecnologia”. Isso daria mais transparência a um setor marcado pela “opacidade”, de acordo com ele.
Além disso, o Ministro afirma que a tecnologia deve ser utilizada na prevenção do crime. “Precisamos mudar a filosofia de prender, prender e prender, porque isso alimenta o monstro do crime organizado. A informação e os dados têm que mudar isso, gerar prevenção social para interromper o fluxo de encarcerados.”
O Secretário de Política de Informática Thiago Camargo concorda. “Quando você coloca a tecnologia só na resolução dos crimes, você deixa de ter uma política de segurança, que deve ser centrada na prevenção,” afirma ele.
Em resumo, foi consenso, entre os participantes, que a inovação deva urgentemente pautar os investimentos em segurança pública. Principalmente em relação à prevenção de crimes, uma vez que a política de encarceramento torna-se cada vez mais nociva não somente para o estado, mas para a sociedade em geral.
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