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HuffPost: pandemia demonstra que investimentos em tecnologia e ciência serão cada vez mais fundamentais

O desenvolvimento de ciência e de soluções tecnológicas é um investimento de longo prazo. Há um tempo de maturação para que essas áreas possam trazer retornos com valor para toda a sociedade; Confira artigo de Letícia Piccolotto no HuffPost
Em 07 de July de 2020

Nesta última quinta-feira (18/6), a Fundadora do BrazilLAB, Letícia Piccolotto, publicou um novo artigo em sua coluna no HuffPost. O tema do post do mês de junho foi sobre os impactos do combate à pandemia de Coronavírus e a importância dos investimentos em tecnologia e ciência, que podem ser ferramentas fundamentais para garantir ações de prevenção, adaptabilidade e mitigação no contexto de pandemias e outros desafios locais, regionais ou globais.

 

Confira o artigo na íntegra:

Ao longo de sua História, a humanidade enfrentou diversas pandemias. Algumas das mais conhecidas talvez sejam a peste negra, que matou 60% da população europeia da Idade Média, e a gripe espanhola que, em 1918, infectou 40 milhões de pessoas no mundo.

Nos últimos meses, e novamente, temos vivenciado os impactos de uma nova pandemia, trazida pelo novo coronavírus. Embora o momento histórico seja diferente, ainda estão presentes sentimentos muito naturais frente a eventos de magnitude global: temos vivenciado ansiedades, temores e incertezas frente aos possíveis impactos da crise para as dimensões sociais, econômicas e de saúde.

É importante reconhecer, no entanto, que temos hoje um contexto absolutamente distinto daquele vivenciado durante as pandemias históricas. Contamos com diversas soluções científicas e tecnológicas, elementos fundamentais para dar continuidade ao cotidiano, para que os efeitos negativos sejam mitigados e, sobretudo, para trazer direcionamento para a sociedade.

Mas, mesmo com todos os avanços científicos e tecnológicos, observamos a curva crescente de contágios e óbitos — só no Brasil já são mais de 46 mil mortes. Há uma corrida para achar um medicamento que trate a doença ou uma vacina que a elimine de vez. Diariamente, antídotos são testados e estudos mundiais compartilhados entre os países para se chegar a algum resultado positivo.

Em meio a todo esse desafio, a covid-19 deixou evidente, ao mesmo tempo, a centralidade que ciência e tecnologia têm em nossas vidas e também a falta de investimento nesses setores que, infelizmente, têm sido um dado histórico no Brasil.

Esse cenário ambíguo fica ainda mais claro quando analisamos a corrida em busca de testes para detectar a presença do vírus em pessoas com sintomas suspeitos, assim como a demanda por equipamentos, soluções que permitam análises e projeções ou medicamentos. Todos querem soluções tecnológicas que possam ser adquiridas e implementadas em um curto espaço de tempo. 

E a busca por essas soluções tem total explicação. Afinal, há diversos exemplos de como a combinação intensiva entre ciência aplicada e tecnologia tem sido fundamental para combater o vírus. É o caso da Coreia do Sul que conseguiu controlar a pandemia realizando testes em massa e rastreando contaminados. Para combater um inimigo invisível, é preciso investir em efetividade, escala e rapidez.

 

Mas é importante lembrar: fomento a ciência e tecnologia não se faz da noite para o dia

O desenvolvimento de ciência e de soluções tecnológicas é um investimento de longo prazo. Há um tempo de maturação para que essas áreas possam trazer retornos com valor para toda a sociedade. Por isso, é tão importante garantir investimentos constantes.

Os resultados sempre surgem, como pudemos testemunhar mesmo com a crise atual. Uma equipe de pesquisa do Instituto de Medicina Tropical da USP — formada, em sua maioria, por mulheres, nunca é demais ressaltar — conseguiu realizar o sequenciamento genético do coronavírus em apenas 48 horas.

Esse trabalho eficiente e preciso só foi possível porque pudemos investir no desenvolvimento de tecnologias para combater doenças tropicais que atingem o nosso país, como a dengue e o zika vírus — tão graves como o que temos vivido nos últimos dias. É preciso sempre estar um passo adiante.

 

Investir em prevenção passa a ser fundamental

As tecnologias emergentes têm trazido uma contribuição fundamental para enfrentar doenças contagiosas. Elas podem ser essenciais para as estratégias reativas, ou seja, quando a doença já se instalou e precisa ter seus efeitos controlados e reduzidos.

Mas considero que a contribuição possa ir além. Se há uma realidade, é que as epidemias ou crises globais tendem a se tornar cada vez mais presentes em nossa realidade nos próximos anos. 

As soluções científicas e tech podem ser ferramentas fundamentais para garantir ações de prevenção, adaptabilidade e mitigação no contexto de pandemias e outros desafios locais, regionais ou globais. Mas é preciso que aprendamos a lição e que valorizemos como fundamental a atuação dessas áreas. Só com investimento constante e de longo prazo elas poderão estar prontas para dar a sua valiosa contribuição à toda a sociedade.

Confira o artigo no site do HuffPost.

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