“Nossa capacidade de inovar é que determinará quem fica com as portas abertas e quem vai desaparecer”, afirma Robson Braga de Andrade, presidente da CNI. Em reportagem da IstoÉ Dinheiro de junho, buscou-se explorar como a inovação das empresas brasileiras têm, não só impactado seus produtos, mas principalmente trazido uma nova via para sair da atual crise econômica. Confira a seguir os exemplos apresentados pela matéria e a participação do BrazilLAB.
A economia trazida por este robô mergulhador abrange várias esferas. Enquanto é capaz de substituir o trabalho de uma equipe de 200 pessoas, inspeciona também dutos e plataformas submarinas de forma muito mais mais segura, precisa e com um custo 50% menor. Quando sair da fase de testes, trará uma economia de US$ 100 mil por dia para a Shell.
E o mais legal sobre este projeto? Ele foi desenvolvido em parceria com o SENAI Cimatec, na Bahia, e, além desta tecnologia brasileira ser levada a mais de 70 países, possibilitará uma revolução com os trabalhos no pré-sal. “O FlatFish funciona como um drone, consegue parar, captar imagens, coletar dados e voltar para sua base com uma quantidade enorme de informações”, afirma Diego Russo Juliano, engenheiro de sistemas submarinos da Shell.
Infelizmente, nem toda companhia tem a vantagem do respaldo internacional para enfrentar problemas locais que dificultam os investimentos, sobretudo num momento de severa crise econômica. A demanda por inovação é, hoje, uma questão de sobrevivência. Os recursos destinados à pesquisa no Brasil, no entanto, representam menos de 10% dos US$ 438 bilhões investidos anualmente pelos Estados Unidos.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), um em cada três empresários afirma que a maior ameaça às companhias nacionais é a falta de inovação. E a grande questão é que esses investimentos trazem, sim, retorno econômico. Os investimentos em tecnologia resultam, em média, em aumentos de 20% no faturamento, conforme dados de uma pesquisa da própria CNI.
O Grupo Boticário investe 2,5% de sua receita em inovação e em pesquisas sobre tecnologia, o equivalente a quase R$ 1 milhão por dia. Há mais de 18 anos, a empresa não realiza testes em animais por acreditar que há tecnologias suficientes disponíveis à indústria de cosméticos que substituem, com segurança, este tipo de análise.
Hoje, por exemplo, a empresa utiliza uma pele 3D e também organs-on-chip para simular as condições de uso em humanos. Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), o Boticário desenvolve um projeto para usar microalgas, fungos e bactérias para a produção de cor. “A tendência agora é buscar por produtos naturais, com qualidade e produção sustentável“, afirma a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Patrícia Abrão Molinari. Estas medidas, além de trazerem rendimentos para a empresa, contribuíram para sua imagem no mercado, como protetora do meio ambiente e zeladora da sustentabilidade.
O papel do governo no estímulo ao desenvolvimento tecnológico é essencial. Ainda segundo a pesquisa da CNI, 55% das empresas afirmam utilizar recursos próprios para a área, devido a dificuldade para obter financiamento. Dentre as medidas sugeridas pelo setor privado estão a ampliação do acesso aos fundos de financiamento (26%), a redução da burocracia (22%) e a promoção de estímulos por parte do governo (18%).
Os investimentos em inovação não devem ser encarados como mais uma linha de despesa, nem por parte do setor privado, nem por parte da administração pública. A exemplo disso, temos a Fábrica de Negócios, uma das vencedoras do último ciclo de Aceleração do BrazilLAB que, utilizando-se de inteligência artificial, conseguiu entregar uma economia de R$ 2 milhões ao mês na folha de pagamentos da prefeitura de Recife.
“Em um clique, eles conseguem identificar inconsistências, saber quais licenças não são legítimas e se algum funcionário morreu”, afirma Letícia Piccolotto, fundadora do BrazilLAB. “A disrupção agora vai bater nas portas de governos.” No Brasil, entretanto, é preciso que avanços como estes ganhem escala.
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