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Levar as crianças a sério e filtrar conteúdos de internet: as lições de Letícia Piccolotto e Petria Chaves

Confira destaques da live entre a fundadora do BrazilLAB a apresentadora da Rádio CBN. Na pauta, maternidade, saúde mental e educação em tempos de pandemia.
Em 08 de July de 2020

No último dia 16 de junho, aconteceu mais uma live da série “Conversas para inspirar”. Desta vez, Letícia Piccolotto recebeu, em seu perfil de Instagram (@lepiccolotto), a jornalista, apresentadora e escritora Petria Chaves para uma inspiradora troca de ideias. Assim como Letícia, que é mãe de três crianças e lidera o BrazilLAB, Petria tem dois filhos pequenos e apresenta o programa Revista CBN e o podcast Revisteen CBN Joca, entre outras atividades. 

O primeiro assunto foi a trajetória da apresentadora, sempre ligada à comunicação. “Desde muito pequeno eu quis saber das coisas, sempre fui curiosa. Logo que saí da faculdade de jornalismo, entrei na Rádio CBN e estou lá há 15 anos. Foi onde construí minha carreira inteira, mas sempre com um olhar pra fora. Um pé dentro e um pé fora, costumo dizer, porque gosto de observar o que acontece ao redor. Sempre fui ‘plugada’ nos assuntos do mundo. E acima de tudo, sempre busquei me conhecer, me desenvolver pessoalmente”. 

De acordo com Petria, essa busca é fundamental para o trabalho que ela realiza. “Hoje, meu grande desafio é, de alguma maneira, ajudar as pessoas a estarem nas suas próprias novelas da vida real, a encontrarem seus papéis, e a comunicação é super importante pra isso”. 

Assista aqui a Live na íntegra.

 

Idealista pragmática

Para Leticia Piccolotto, Petria abordou, em sua apresentação, características muito importantes para as profissões do futuro, como resiliência, curiosidade e flexibilidade. “E compartilho dessa sua visão de que temos que fazer as coisas acontecerem, mas de forma consciente. Nesse sentido, eu me considero uma idealista pragmática.”

A fundadora do BrazilLAB lembrou que, na data em que a live foi realizada, completaram-se noventa dias de isolamento e de quarentena. E apontou os desafios que todos têm enfrentado nesse período: “cada um de nós, em algum momento, sofreu de angústia ou ansiedade. Mas não só pela Covid-19; o Brasil está passando por um momento muito difícil por conta dos cenários econômico e principalmente político.” Então, Letícia questionou Petria sobre como  trazer essas questões para as crianças.

“É um desafio, mas eu recorro às nossas próprias histórias”, respondeu a apresentadora. “Falar sobre esses conteúdos é levar a sério as crianças como gostávamos que fizessem com a gente, quando éramos pequenos. Eu gostava de ser levada a sério. Eu era uma pessoa já, uma ‘mini-pessoa’. A grande questão é essa, eu falo com meus filhos em um tom de voz de igual pra igual, eu ponho o meu podcast para a minha filha de cinco anos ouvir. Precisamos falar da vida com eles, porque são ‘mini-pessoas’. Mas sempre com muita amorosidade na abordagem, é claro”. 

 

Unindo mundos

Ela deu um exemplo: “às vezes, meu marido e eu discutimos sobre algum assunto, e ele diz que não podemos falar assim na frente das crianças. Mas acho que temos, sim, porque é a vida real.” Outro exemplo é o próprio podcast comandado por Petria, orientado para crianças e adolescentes. “Falamos sobre temas como política, por exemplo. Meu papel como jornalista é unir mundos.” 

Leticia compartilhou dessa opinião. “Entre meus filhos, a de dez anos está sentindo mais esse período. Então, converso bastante com ela. Falo sobre como, na década de 80, vivemos a questão da Aids, que assombrou o mundo inteiro, um evento que trouxe mudanças no geral. Procuro trazer esse paralelo para, de alguma forma, tranquilizá-la”. 

Para a apresentadora da CBN, os adultos têm, com frequência, uma falsa ilusão de ordem. Ela lembrou que, até fevereiro deste anos, não se podia dar um aparelho celular para nenhuma criança, porque isso iria “destruí-la”. Só que, em março, com a pandemia, tudo mudou. As próprias escolas começaram a pedir que as crianças tivessem celular, por conta do ensino a distância. Conclusão: “temos sim que nos questionar sempre, temos que estar abertos às mudanças. Não pode haver verdade absoluta. Essa é a grande questão filosófica dessa pandemia”.

 

Experiência insubstituível

Letícia destacou a importância da mediação em casa. “Às vezes, as crianças ficam mesmo estressadas. Temos esse papel de saber o momento das intervenções, de acolher o motivo da dor. Vamos ouvir, conversar e trazer uma informação que possa ser importante para elas. Hoje, depois de 90 dias, vi que deu certo”. 

Sobre o ensino doméstico e a tecnologia, Petria afirmou que a estratégia de sua família foi um pouco diferente. Quando foram decretadas as medidas de enfrentamento à pandemia, ela e o marido resolveram dar férias para os filhos. “Nós os curtimos, e muito. Fizemos várias coisas com eles. Depois, a escola deu um mês de férias. Percebemos que nada substitui esse contato com a primeira infância. Eu vi o quanto eles cresceram, e fiquei chocada. E uma escola ‘ultra, mega, top’ não substitui essa experiência”.

Quando as férias terminaram e Petria recolocou os filhos na escola, a instituição já tinha um programa de ensino a distância, com uma rotina bem estabelecida. “Aí funcionou bem, todos embarcamos, está super harmônico. A mais velha está muito feliz por fazer aula online, por rever os amigos”. 

Algo parecido aconteceu com Letícia e sua família. “Em casa, tivemos que controlar a ansiedade e deixar o processo fluir. A escola também precisa aceitar a nossa dinâmica familiar. Precisamos lembrar que as crianças estão bem porque estão com os pais; então, se nós assegurarmos essa questão emocional, o resto vai fluir super bem. A gente tira de letra”. 

 

Enfrentando a ansiedade

A seguir, a fundadora do BrazilLAB abordou a “pandemia de ansiedade” que também estamos vivendo. Ela lembrou que o Brasil é um dos países mais ansiosos do mundo e que há milhões de empreendedores informais que estão sofrendo demais com as incertezas atuais. E perguntou a Petria que conselho ela daria para controlar a ansiedade.

Para a apresentadora, o melhor é se cercar de boas companhias. “Desde pequena, sempre procurei pessoas pra me ajudar. Não só terapeutas; também mestres, professores, líderes. Eu sei que preciso do outro, então sempre o busquei. Então, acho que o mais importante é saber que a conexão é indispensável. Porque hoje vivemos em rede, e muito do que vem na ansiedade é causado pela rede. De minha parte, o que tenho feito são escolhas mais saudáveis. Do mesmo jeito que temos modelos de sucesso, de empreendedores, de mulheres etc, podemos escolher melhor nos outros aspectos, também”. 

E deu um exemplo: “hoje, você tem conteúdos absurdos na internet. Não precisa ir pra Indonésia pra conhecer algum guru; ele está na internet. Na rede, você tem mestres, líderes espiritualistas. Então, meu conselho é para que as pessoas deixem para lá quem não está acrescentando, e escolham com cuidado quem vão seguir. E quem vai estar por perto”, concluiu Petria. 

Assista aqui a Live na íntegra.

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