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Metodologia ágil: o que o setor público tem a aprender com a indústria de desenvolvimento de softwares

Surgido no começo dos anos 2000, o modelo ágil propõe entregas muito mais rápidas e aprendizado contínuo. Veja aqui como a gestão pública pode se beneficiar com ele.
Em 21 de May de 2018

Você já ouviu falar na metodologia ágil, ou agile? Trata-se de um modelo de gestão que surgiu na indústria de desenvolvimento de softwares para substituir o sistema vigente até então, que era compostos pelas seguintes fases: levantamento e análise de requisitos, desenho da arquitetura, implementação, testes, produção e manutenção. Excessivamente rígido, esse sistema impedia que os clientes tivessem o desenvolvimento na velocidade de que precisavam.

Conforme a indústria de softwares foi amadurecendo, aumentaram os imprevistos com atrasos entre as necessidades do cliente e as entregas dos produtos. Ficou evidente  então a necessidade de um novo modelo, mais ágil. Foi quando surgiu a metodologia que, como o nome indica, tem a função de agilizar o processo de desenvolvimento, principalmente no que diz respeito à utilização do software pelo cliente.

Foi até criado um Manifesto com os alicerces do modelo: http://www.manifestoagil.com.br/. Em suma, o objetivo é satisfazer os clientes entregando com mais rapidez e maior frequência as versões do software conforme as necessidades. Um dos principais benefícios desse sistema é a redução de riscos, pois é possível perceber falhas no desenho logo no início do projeto, antes de se gastar muito tempo e dinheiro indo na direção errada.

 

Modelo tradicional X modelo ágil

O artigo Abordagem Ágildo portal InovaGov, traz uma definição precisa da metodologia ágil, expondo seus benefícios e comparando-a com o modelo de gestão tradicional. O quadro abaixo esclarece essas diferenças:

Metodologia Ágil

Fonte: http://inova.gov.br/abordagem-agil/

Como se vê, os alicerces da metodologia ágil são a realização de testes e a preparação de protótipos e de pilotos, acelerando a curva de aprendizado. Com um projeto complexo dividido em processos menores, será possível também priorizar tarefas individuais, delegando-as para membros de uma equipe mais capacitados para realizá-las.

A implementação deve ser realizada por meio de sprints, como são conhecidos os períodos de atividade intensa, com duração de uma ou duas semanas, após o qual um produto aproxima-se de seu resultado final satisfatório. Um sprint é fundamental para dar aquele impulso em um projeto.

 

Metodologia ágil na gestão pública

No meio corporativo, o modelo ágil já é relativamente difundido, principalmente no setor de tecnologia. Mas, no campo da gestão pública, o que prevalece ainda é o modelo tradicional — se não sistemas ainda mais engessados.

É evidente que o sistema público tenha suas particularidades, como pressão sociopolítica, entraves burocráticos em licitações e prazos delimitados por mandatos. Como resultado disso, muitos gestores do setor não conseguem realizar um planejamento adequado que levaria em conta informações relevantes para a tomada de decisões.

Mas a metodologia ágil tem potencial para transformar esse cenário. Até porque sua adoção implica mais uma mudança de paradigmas do que investimentos de grandes proporções, com mudanças profundas e complexas. Um simples quadro de Kanban (saiba mais aqui— o “tabuleiro” em que cartões coloridos ou post-its indicam, de maneira visual, o andamento dos fluxos de produção nas empresas — pode transformar a rotina de trabalho de qualquer organização.

 

O exemplo do TSE

Alguns órgãos do setor público já vêm utilizando a metodologia ágil com muito sucesso. Este artigo do Digix traz o exemplo do TSE, que, desde 1986, vem investindo na informatização da Justiça Eleitoral. Em 1995, foram dados os primeiros passos para a informatização do voto. E, no ano seguinte, cerca de 30% dos eleitores já podiam realizar o voto eletrônico — um processo que se estendeu a todo o território nacional em 2000.

Em todas essas fases, o software das urnas eletrônicas (UENUX) recebe atualizações constantes para conferir mais recursos e maior credibilidade e segurança ao processo. Hoje, como se sabe, o TSE está dando um novo passo com o cadastramento da biometria. Não é à toa que o nosso sistema eleitoral tornou-se referência para o mundo inteiro.

Como se vê, a metodologia ágil representa uma abordagem inovadora sobre a gestão. E por acreditar que a inovação é o melhor caminho para um serviço público mais eficiente e produtivo, o BrazilLAB defende sua adoção em todas as esferas de governo.

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