Mulheres no BrazilLAB: do empoderamento ao topo do setor público

Mulheres ainda enfrentam desafios para alcançar cargos de liderança no setor público. Políticas públicas, consciência e cooperação são necessárias.
Equipe BrazilLAB Em 29 de March de 2023

 

A participação da mulher no poder público é algo que vem ganhando espaço na medida em que as mulheres conquistam direitos iguais aos homens. A luta por esse direito à igualdade não é nova, mas vem ganhando cada vez mais força. No entanto, ainda existem muitos desafios para que as mulheres consigam se inserir e consolidar em cargos de liderança no poder público.  

O primeiro desafio vai para a óbvia desigualdade de gênero. Apesar de cada vez mais mulheres terem acesso à educação de qualidade, ainda existe discriminação no mercado de trabalho quanto aos seus conhecimentos e eficiência, o que as impedem de conquistem posições de liderança. Além disso, existem muitas barreiras sociais e culturais que impedem as mulheres de se inserirem nos cargos de liderança, vindas pela persistência de normas padrões e tradicionais, que levam ao estereótipo de desassociação da mulher ao poder.  

Outro desafio é a falta de oportunidades. Muitas vezes, mulheres qualificadas e competentes não são consideradas para cargos de liderança no setor público, enquanto homens menos experientes são escolhidos. Isso é resultado, em parte, da falta de cotas de gênero e de mecanismos para garantir que as mulheres tenham acesso a essas posições. Isso se comprova, por exemplo com o depoimento de Sheila Oliveira Pires, Mentora do BrazilLAB e Subsecretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Goiás: “Um dos maiores desafios de trabalhar no campo da CT&I no setor público é o desenvolvimento de políticas públicas que incentivem mulheres a empreenderem e liderarem pesquisas em áreas tecnológicas. Embora em muitos casos, as equipes que trabalham com inovação sejam femininas, nos cargos de liderança ainda predominam homens.”.

Como vemos, as mulheres enfrentam múltiplos desafios para se inserirem no alto do setor público. Ainda existem muitos tabus em relação às mulheres ocupando cargos de liderança, o que pode acabar desestimulando as próprias mulheres a buscarem essas posições. Nesse caso, a experiência de Ana Claudia, Mentora na Rede do BrazilLAB e Assessora de Pessoas no Tribunal Superior Eleitoral, pode servir de exemplo. De acordo com ela, após entrar no TSE por meio de concurso público, ficou "numa área com muitas mulheres que já estavam lá há mais tempo e as minhas funções eram mais de secretariado. Entretanto, sempre fui muito curiosa e estudiosa, o que me levou a alcançar algumas promoções. Mas tive muita resistência das mulheres que ali estavam. Pasme, tive na minha carreira algumas mulheres que me impediam de crescer e aí migrei para outras áreas, trabalhando na tecnologia e posteriormente com gestão de pessoas, que é minha paixão e onde cresci mais.". Entretanto, mesmo após chegar a um cargo de liderança, Ana ainda relatou ter sido alvo de sabotagens e fofocas no ambiente de trabalho. Sobre isso, ela completa: "Hoje, não vivo mais isso, pelo menos que eu saiba, mas penso que a sabotagem de outras mulheres e de homens que não querem ser chefiados por mulheres foram o estopim para esses momentos.".

E isso não se resume ao Brasil. A participação feminina em cargos de liderança no setor público ainda é baixa em vários países. De acordo com um estudo da OCDE de 2019, apenas 33% das chefias de governos são ocupadas por mulheres no mundo, sendo que o Brasil teve um percentual de 28%. Entretanto, alguns países conseguiram ultrapassar a marca dos 40%, como o México, a Rússia, o Reino Unido e a Finlândia (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, 2019). Nesses países, existe um movimento para demonstrar que o aumento da participação feminina na liderança pública é essencial para a promoção da igualdade de gênero e para a melhoria dos serviços públicos oferecidos à população. 

Diante disso, é necessário que os governos coloquem em prática políticas públicas que incentivem a participação feminina em cargos de liderança no setor público. Estas políticas podem envolver ações como a criação de cotas de gênero, mecanismos de apoio às mulheres para que elas possam crescer nos cargos públicos, ações para reduzir as barreiras sociais e culturais que as desestimulam a subir no poder público e ações para o aumento da consciência e sensibilização em relação à participação da mulher na liderança pública. Ainda, adicionalmente é preciso da cooperação e superação de tabus nesse tema por toda a sociedade, incluindo homens e mulheres. 

 

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