Mulheres no BrazilLAB: Incentivando a Diversidade do Empreendedorismo

Jucelha Carvalho, Maíra Pimentel, Carla Zeltzer e Fernanda Martins contam em entrevista exclusiva sobre a participação feminina dentro do mundo do empreendedorismo GovTech.
Equipe BrazilLAB Em 08 de March de 2023

19,7%: esse é o número estimado de startups fundadas por mulheres no Brasil, de acordo com o levantamento realizado pela Associação Brasileira de Startups em 2022. Mas essa baixa representatividade não surpreende, ela reflete uma realidade de desigualdade de gênero já muito conhecida não só no Brasil, como também no mundo. De acordo com o relatório da Rede de Monitoramento do Empreendedorismo Global (GEM) do biênio 2021-2022, as mulheres representam somente duas a cada cinco atividades de empreendedorismo ativas no mundo. Entretanto, nem tudo está perdido. É preciso encarar esses números com certo otimismo: mesmo que baixos, eles mostram uma realidade mais representativa do que as décadas passadas: em 2021, somente 12,6% das startups eram fundadas apenas por mulheres. Essa mudança cria esperança ao mostrar uma tímida, porém crescente participação feminina no mundo do empreendedorismo. 

E esse é o caso do BrazilLAB, primeiro hub centrado em GovTech do Brasil, que além de contar com DNA feminino pela sua criação por Letícia Piccolotto, reúne diversos empreendimentos liderados por mulheres de destaque no país. Uma delas é Jucelha Carvalho, CEO e fundadora da Smart Tour, startup centrada na digitalização do turismo que recentemente foi aprovada como membro colaborador da Rede Iberoamericana de Destinos Turísticos Inteligentes. Mas nem tudo são flores; para Jucelha, "Infelizmente ainda há muitas pessoas que acreditam que não somos capazes de liderar negócios de tecnologia ou de desempenhar funções técnicas nessa área, dificultando inclusive o acesso a recursos financeiros, oportunidades de networking e a possibilidade de formar parcerias. Como se isso não fosse suficiente, o fato de termos filhos pode afetar o desempenho como líderes de negócios pela dificuldade de conciliar vida profissional com a maternidade. Por isso precisamos de uma rede de suporte estruturada, para poder equilibrar essa balança."

E ela não é a única a frisar as dificuldades dentro do empreendedorismo. Maíra Pimentel, co-fundadora da Tamboro, resume o sentimentos de muitas empreendedoras brasileiras: "Nunca pensei que fosse ser tão difícil e desafiador". Antes de co-fundar a edtech, Maíra já acumulava experiência no mercado empreendedor com sua participação em times de tecnologia, quando o termo "startup" ainda não havia vindo a tona. "Percebo que ali fui desenvolvendo habilidades que me permitiram "passar" por desafios ligados, em especial, à questão do gênero, assim como forjaram em mim uma capacidade de inovar e resolver problemas complexos", diz ela.

Para além de sua fundação feminina, existem startups em busca de aprimorar seus serviços em programas que ressaltem e mostrem a importância do recorte de gênero no empreendedorismo. Esse é o caso da FazGame, que tem Carla Zeltzer como sua co-fundadora e CEO. De acordo com Carla, "a FazGame tem buscado cada vez mais participar de grupos que têm como um dos pilares promover a diversidade dos empreendedores - e a diversidade de gênero está entre elas.  Programas como Bndes Garagem e Potencia Up e a Aceleração do BrazilLAB vêm contribuindo para que cada vez mais mulheres empreendam! Temos uma longa estrada para alcançar a equidade entre gêneros na jornada empreendedora. Cada mulher que busca avançar nessa jornada fortalece esse caminho!".

E a representatividade não para por aí. Muitas startups lideradas por mulheres se dedicam também a atender outros grupos normalmente subrepresentados no empreendedorismo. A Inboarding, fundada por Fernanda Martins é uma delas: "Eu como CODA (Filha de pais surdos) trago a minha experiência para trazer a inclusão como uma estratégia competitiva alinhada com melhores oportunidades e resultados para todo mundo", diz ela. 

Os números atuais podem não parecer encorajadores, mas é visível a movimentação tanto de empreendedoras quanto de aceleradoras (como é o caso do BrazillAB) para mudar esse cenário. Com a criação de programas que incentivem a diversidade e a inclusão de outros grupos, é possível acreditar que um futuro de equidade de gênero no empreendedorismo possa ser alcançado. 

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