"Avançar na carreira é um desafio para qualquer pessoa que está no mercado de trabalho: escolher a formação mais adequada, as oportunidades de trabalho mais vantajosas, formar uma rede de relacionamentos, corrigir "uma rota" ou reinventar-se de vez em quando, tudo isso e muito mais durante décadas. Se essa jornada já soa suficientemente difícil, para uma mulher pode ser ainda mais desafiador, especialmente depois que os filhos chegam e temos que desenvolver um precioso dom, o dom de se fazer presente e firme, trazendo consistência para nossas relações familiares, mesmo que não possamos estar fisicamente juntas.". O relato de Luciana Lobo, mentora do BrazilLAB, resume a jornada no mercado de trabalho através de sua experiência pela ótica feminina. Esse ambiente é consagrado por sua alta dinamicidade, mas ainda é permeado por velhos paradigmas. O desafio de desconstruir as estruturas de gênero e promover a igualdade de oportunidades para homens e mulheres continua presente, principalmente em posições e cargos de liderança. O BrazilLAB, como um hub com DNA feminino em sua criação, se vê como ponto fora da curva frente a esse desafio e busca cada vez mais dar lugar e voz para as líderes do GovTech.
Pensando nisso, o BrazilLAB deu a vez para suas mentoras Luciana Lobo, Thaís Zschieschang, Simone André e Ana Cláudia, que por meio de seus depoimentos nos convidam a refletir sobre os desafios não só de se inserir, mas também de permanecer como liderança feminina dentro do mercado de trabalho govtech. Para Thaís, tais desafios são o de ter de se preparar mais do que os homens e o de ter sua capacidade questionada a qualquer momento. Entretanto, ela completa em contrapartida, "O terceiro grande ponto, e um dos que o BrazilLAB contribui enormemente, é ter um número representativo de mulheres nos programas e ações, e de todos os tipos de mulheres, falando sobre suas especialidades e interesses, não apenas sobre gênero.".
Já para Ana Cláudia, os maiores desafios são o de ter que trabalhar muitas horas a mais, ser interrompida e não ter a sua opinião valorizada. E ela ainda completa: "Me vi, muitas vezes estudando nos finais de semana, antes de alguma reunião, tirando esse tempo da minha família, para poder ser escutada e ser enxergada num universo mais masculino que é o judiciário. Veja, não que estudar seja algo que não precise ser feito, mas o fato era que eu acreditava que a minha opinião precisava estar mais embasada do que a de algum colega que só dava ideias.". Mas nem tudo são lamúrias. Ana também contou sobre sua experiência positiva ao encontrar mulheres importantes em sua trajetória que lhe ajudaram a crescer profissionalmente, assim como homens que ela descreve como "aliados" que foram importantes para que percebesse seu valor ao lhe dar oportunidade.
E por último, para Simone, o desafio está em trabalhar em colaboração com outros, numa posição muito mais vulnerável e aberta. Mas, assim como Ana, sua visão não perde positividade. De acordo com Simone, que passou por diferentes áreas temáticas e experiências em sua jornada profissional, "a mentoria [do BrazilLAB] é parte importante desse processo de aprender com outros profissionais como contribuir com suas descobertas e trajetórias, criando conexões autênticas entre nossos diferentes caminhos. É gratificante e, talvez, meu momento profissional mais desafiante.".
É fundamental que as mulheres possam se sentir representadas e reconhecidas em seus esforços. O BrazilLab se vê como uma iniciativa que tem contribuído enormemente para a liderança feminina. Ele promove ações e programas que visam dar visibilidade e representatividade às mulheres na liderança, além de incentivar o compartilhamento de conhecimentos e experiências. Por exemplo, a mais recente turma de aceleração do hub conta com 12 mulheres entre líderes e suplentes nas 19 startups selecionadas e seu quadro de mentor@s conta com 19 líderes femininas, altamente especializadas dentro das diversas áreas do govtech. E obviamente, além de contar com a sua criação por uma das maiores representantes do empreendedorismo feminino, o hub tem mais de 60% de seus cargos preenchidos por mulheres.
Por fim, é importante destacar que a liderança feminina é um tema complexo que demanda ações estruturadas de todos os setores. Estamos empenhados em promover mudanças significativas para a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres e em apoiar as lideranças femininas. O BrazilLab, assim como todos que contribuem para a causa, tem um papel fundamental nesse processo. Agradecemos a Thaís Zschieschang, Simone André e Ana Cláudia por compartilharem suas experiências, pois elas nos permitem desenvolver uma reflexão mais profunda sobre tais desafios.