Na última quarta-feira, 26 de janeiro, o portal Pequenas Empresas & Grandes Negócios - PEGN publicou uma matéria sobre os avanços do ecossistema GovTech e o potencial que ainda existe de crescimento para esse mercado. A reportagem conta com a entrevista do CEO do BrazilLAB, Guilherme Dominguez, que falou sobre a possibilidade de investimentos iniciais baixos como oportunidade de desenvolver novos modelos de negócios altamente inovadores para o setor público. Confira abaixo o artigo na íntegra:
"O Brasil é uma terra de oportunidades. Um mercado de sonhos."
Faz tempo, hein?! Difícil lembrar a última vez que nosso país foi descrito com tamanho otimismo.
Pois bem, a dona de tamanha confiança é a inglesa Tanya Tiler, líder do programa Digital State, no Instituto Bennett de Política Pública, da Universidade de Cambridge, e fundadora da consultoria StateUp, referência global nos estudos sobre a transformação digital do setor público. “No Brasil, são milhares de governos – de megacidades a pequenos municípios, todos com a necessidade crescente de adotar a digitalização”, diz ela, em entrevista a PEGN.
De fato, mudanças já vinham acontecendo há algum tempo. Aos poucos.... A covid-19, porém, tornou evidente a premência da renovação. “Estamos convencidos de que as govtechs são um apoio fundamental para transformação digital do governo no momento desafiador que atravessamos”, escreve Carlos Santiso, diretor de inovação digital do Estado e vice-presidente de conhecimento do CAF, na apresentação do relatório "As startups govtechs e o futuro do governo no Brasil". “Seu papel tem sido fundamental nestes momentos de atenção à pandemia (...) e será ainda mais relevante na fase de recuperação econômica, quando os governos precisam continuar construindo uma relação de confiança com os cidadãos e impulsionar a economia digital.”
O estudo, publicado em 2019, traz o retrato mais minucioso já feito no país sobre o setor. O número de startups brasileiras com foco em governo ainda é muito baixo. Gira em torno de irrisórias quatro dezenas – o equivalente a 0,3% de todas as empresas do universo da inovação nacional. Esse contingente, entretanto, poderia ser muito maior. Com pequenos ajustes nos serviços ofertados, outras 1,5 mil empresas, no mínimo, poderiam facilmente participar da renovação do Estado. Com soluções em educação, saúde, gestão, logística, mobilidade, meio ambiente, segurança, saneamento, moradia...
A maioria das empresas foi fundada com R$ 100 mil a R$ 200 mil, em recursos dos próprios empreendedores. “É um valor de investimento inicial muito baixo, considerando o impacto dessas empresas”, diz Guilherme Dominguez, confundador e CEO do BrazilLab. “Isso mostra que com investimentos iniciais baixos é possível rapidamente desenvolver novos modelos de negócios altamente inovadores para o setor público.”
Dos estágios de maturidade, 32% estão em fase de tração (ou growth stage), quando a empresa já conseguiu validar definitivamente seu modelo de negócio, conquistar uma base de clientes sólida e atrair a atenção de investidores. É o penúltimo degrau dos cinco que compõem a evolução de uma empresa de inovação. O segundo grupo mais recorrente está uma fase abaixo – 27% das govtechs brasileiras estão em estágio de operação, quando a empresa conseguiu validar seu MVP (sigla em inglês para minimum viable product) e chegar à versão oficial do produto ou serviço. Apenas 11% encontram-se em scale up, aquele momento (sempre tão esperado!) de ativar o crescimento exponencial.
“Em resumo, mais da metade das startups govtech já estão de fato em operação. Muitas vezes, as startups ficam queimando dinheiro de investidores e fundos de pesquisa, entre outros, em busca do chamado product market fit – o mercado de fato para o qual o produto ou solução dessa empresa será útil”, avalia Guilherme. Em relação ao foco de ação, quase 60% dedicam-se às áreas de gestão, educação e saúde. Metade tem como modelo de negócio o SaaS (software as service).
O ecossistema govtech brasileiro está em ebulição. No final de 2021, foram aprovadas três leis que devem facilitar a contratação de inovação pelo Estado. Na mesma ocasião, a gestora KPTL lançou, junto com a Cedro Capital, o primeiro fundo com foco em govtech. Fundado em março de 2016, o hub BrazilLab segue como a maior aceleradora privada dedicada a fazer a conexão entre startups e poder público.
“Existe um grande número de aceleradoras e iniciativas voltadas para os chamados negócios de impacto social, dentro dos quais muitas startups govtech acabam se encaixando –quando têm como objetivo desenvolver projetos de relevante impacto e apoiam a capacitação de empresas para atuar junto ao setor público”, informa o levantamento feito pelo BrazilLab e o CAF.
São conquistas importantes, é claro. Mas ainda há ainda muito o que se avançar até que os negócios govtech atinjam todo seu potencial.
Confira a matéria na íntegra no site da PEGN.