Hoje em dia, é possível afirmar sem medo de errar que todos os caminhos levarão à Indústria 4.0. Ou seja, levarão à completa descentralização de controle dos processos produtivos, graças à proliferação de dispositivos inteligentes. Com o avanço da Inteligência Artificial, da Computação Cognitiva e de outras inovações tecnológicas, automatizar é o caminho natural para aumentar a competitividade e a produtividade do setor.
Por outro lado, também é conhecido o “pouco interesse” com que o setor público, no Brasil, olha para a inovação. O próprio BrazilLAB surgiu para transformar este cenário, atuando como um hub que conecta empreendedores e gestores públicos por meio de um programa de aceleração e de outras iniciativas.
Reforço de peso
Recentemente, essa aproximação ganhou um reforço importante. Trata-se do Programa Rumo à Indústria 4.0, criado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A iniciativa foi lançada no último Fórum Econômico Mundial, realizado em São Paulo.
De acordo com o site oficial do programa, o objetivo é difundir o conceito e as tecnologias da Indústria 4.0 junto às indústrias, bem como definir o nível de maturidade das empresas brasileiras e definir uma trajetória mais adequada para alcançar projetos e ações com tecnologias habilitadoras da indústria 4.0.
Em termos financeiros, o programa deve destinar até R$ 8,6 bilhões em financiamentos a empresas e zerar a alíquota de importação de robôs.
Um sinal positivo
Ainda não é possível mensurar os resultados da iniciativa, que é muito recente. Mas, em termos práticos, o lançamento do programa constitui um importante sinal para outras esferas de governo.
Porque é um indício de que o poder público percebeu a importância de investir em inovação. Em entrevista para o Jornal Valor Econômico, Marcos Jorge, Secretário-executivo do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), afirmou que é "urgente" modernizar a indústria. "Menos de 5% das empresas brasileiras podem ser conceituadas como 4.0, o que exige o apoio do governo. Nossa meta é aumentar esse índice para pelo menos 15% em até oito anos", revela ele.
O risco de ser insuficiente
Por outro lado, já há quem afirme que a iniciativa não bastará. Para Mário Sérgio Salerno, professor da Escola Politécnica (Poli) da USP e coordenador do Observatório da Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados (IEA), o Programa do governo “é interessante, mas não é o suficiente para suprir o potencial do país, principalmente em relação ao financiamento de projetos”.
Como agente de conexão entre empreendedorismo e poder público, o BrazilLAB celebra a iniciativa, mas também entende que não pode ser isolada. O poder público e as startups — verdadeiras responsáveis pela inovação na economia — precisam cada vez mais somar forças. Porque, se os trajetos levam mesmo à Indústria 4.0, o Brasil chegará lá mais rápido se todos caminharmos juntos.
Mas afinal, o que é a Indústria 4.0?
Indústria 4.0 é um conceito de indústria proposto recentemente e que engloba as principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação, aplicadas aos processos de manufatura. A partir de Sistemas Cyber-Físicos, Internet das Coisas e Internet dos Serviços, os processos de produção tendem a se tornar cada vez mais eficientes, autônomos e customizáveis.
Isso significa um novo período no contexto das grandes revoluções industriais. Com as fábricas inteligentes, diversas mudanças ocorrerão na forma em que os produtos serão manufaturados, causando impactos em diversos setores do mercado.
Tornar a Indústria 4.0 uma realidade implicará a adoção gradual de um conjunto de tecnologias emergentes de TI e automação industrial, na formação de um sistema de produção físico-cibernético, com intensa digitalização de informações e comunicação direta entre sistemas, máquinas, produtos e pessoas; ou seja, a tão famosa Internet das Coisas (IoT). Esse processo promete gerar ambientes de manufatura altamente flexíveis e autoajustáveis à demanda crescente por produtos cada vez mais customizados.