O terceiro e último módulo presencial do programa de aceleração do BrazilLAB foi dedicado à medição de impacto e ao pitch de venda das startups. Os empreendedores e as empreendedoras tiveram uma verdadeira aula sobre mensuração de resultados com foco em impacto social, e depois testaram suas apresentações com especialistas do BrazilLAB e entre os colegas.
O módulo começou na tarde da segunda, 25/02, com uma aprofundada palestra de Sérgio Lazzarini, professor do Insper. Como ele mesmo disse, foi “quase um curso inteiro sobre medição de impacto e de indicadores, só que concentrado em três horas.”
Lazzarini lembrou que são poucas, pouquíssimas as empresas que realizam uma medição de impacto aprofundada. E deu o exemplo de tecnologia nas escolas: “como se faz para avaliar qual foi o resultado de colocar computadores em sala de aula? De forma simplificada, coleta-se dados nas escolas antes e depois da iniciativa. E verifica-se a diferença.” De acordo com ele, fazer só esse trabalho já é um grande passo: “te coloca entre 10% de empresas de impacto social, ou menos”.
Então, o professor do Insper explicou o que considera o principal conceito da medição de resultados: a adicionalidade. É baseado em uma pergunta simples: “o que teria acontecido à população sem os seus projetos?” É um exercício de projeção de cenários, de “mundos paralelos”, lembrou ele. Para realizá-lo, deve-se organizar grupos de controle, que permitem verificar a tendência de um cenário sem intervenção. A partir daí, chega-se à lição principal da tarde: “o impacto é a diferença entre o que você obteve no final e o que teria obtido sem a ação do projeto”.
A seguir, Lazzarini ressaltou a importância de os empreendedores desenvolverem a chamada Teoria de Mudança. De acordo com o professor, ela se divide nas seguintes etapas:
Aqui, o professor destacou um fato importante: mais de 90% das empresas só chegam até a etapa dos produtos. “Para realmente entender o impacto social de uma iniciativa, é preciso chegar até a última etapa. A teoria te dá clareza de onde você quer chegar e as variáveis de que vai precisar,” lembrou Lazzarini.
A apresentação foi concluída com um exercício prático. Ainda no campo da educação, e com foco no ensino médio, os empreendedores tiveram que definir estratégias para melhorar a qualidade do ensino e escolher as métricas para analisar o impacto. Sérgio Lazzarini lembrou as características principais de uma métrica, que deve:
Para os empreendedores, a tarde foi produtiva. Marcos Primo, da AiPlates Technologies, ressaltou a clareza dos ensinamentos. “Com o direcionamento do Professor Sérgio, tive uma visão clara quanto às grandes oportunidades que irão surgir nesse promissor mercado de impacto.”
Pollini Santana, da Feedback House, também aprovou a experiência. “Foi super importante acessar fórmulas que nos ajudem a colocar ideias no papel. O grande aprendizado, para mim, é traduzir o impacto que queremos causar em indicadores que possam ser medidos.”
O segundo dia do último módulo começou com um talk com Lucia Dellagnelo (CIEB - Centro de Inovação para a Educação Brasileira), Jéssica Rios (Vox Capital) e Thiago Fernandes (Bank of America).
Em sua fala sobre inovação na educação, Lucia destacou a mudança de mindset que demorou para ocorrer no país. “Passamos 20 anos sem política de tecnologia educacional; só agora estamos correndo atrás do prejuízo”. Ela também respondeu a uma série de dúvidas de empreendedores sobre infraestrutura.
Ela refletiu sobre a relação entre governo e startups com uma metáfora: “a gestão pública é como se fosse um enorme transatlântico, e os empreendedores estão em jet skis, fazendo ‘altas’ manobras. Todos querem juntar habilidades, mas, se o transatlântico não jogar uma escadinha, não adianta, não acontece nada. E desenvolver uma teoria da mudança sólida é fundamental para que essa conexão aconteça.”
Jessica Rios retomou a análise de impacto, mas dessa vez sob a ótica de um fundo de investimento. Ela explicou, aos empreendedores, como são selecionadas as empresas investidas “Escolhemos alguns setores e definimos os principais desafios. Mapeamos esses pontos pensando sempre em como a iniciativa privada pode endereçar a eles. E quando identificamos um negócio capaz de resolver esses desafios, passamos a fazer uma análise aprofundada. Se decidimos investir, fazemos um plano de acompanhamento dos indicadores.”
O terceiro e último módulo foi concluído com o teste dos pitches. Cada empreendedor e empreendedora teve quatro minutos para realizar sua apresentação, e cinco minutos de feedbacks de Cristina Gonçalves, Diretora de Inovação e Parcerias do BrazilLAB, e dos demais colegas.
“Foi uma experiência muito enriquecedora”, afirmou Pollini Santana. “Eu vendo para o setor privado, e tive que ajustar o meu pitch para governos. Repensei a forma como falo, e principalmente a forma como me endereçar à dor do gestor público, que é muito diferente daquela de um gestor de empresa”, completou a empreendedora.
Com essas atividades, encerraram-se os módulos da aceleração. Confira as 20 startups selecionadas que vão para a Banca Pitch, que será realizada nos dias 19 e 20 de março.