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BrazilLAB 4 anos: confira um balanço da atuação do 1º GovTech Hub do Brasil

A trajetória, o momento atual e os rumos na visão de Letícia Piccolotto e Guilherme Dominguez, respectivamente Presidente e Diretor do BrazilLAB
Em 28 de April de 2020

O BrazilLAB acaba de completar quatro anos. Embora o mundo esteja enfrentando uma crise sem precedentes devido à pandemia de COVID-19, esta é uma notícia que nos traz ânimo e que, por isso, queremos compartilhar com você. Afinal, o BrazilLAB foi fundado justamente durante um período difícil de nossa história recente: em março de 2016, durante o turbulento período que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O Brasil passava por uma crise de confiança generalizada, e foi nesse contexto que Letícia Piccolotto, a fundadora do BrazilLAB, enxergou a possibilidade de deixar um legado: um governo mais eficiente, moderno, disruptivo, por meio da conexão com o ecossistema empreendedor.

Naquela época, o principal objetivo do 1º Hub GovTech do Brasil era estimular o debate a respeito da transformação digital do setor público no país. Por meio de iniciativas como o programa de aceleração, o BrazilLAB deu os primeiros passos no sentido de estimular uma cultura voltada para a inovação dentro de governos - algo que, até então, acontecia de forma esparsa e circunstancial.

 

De tendência a realidade

De lá para cá, muita coisa mudou. “Na minha visão, hoje, a pauta de transformação digital está enfim sendo priorizada pelos governantes”, conta Letícia, que traça um restrospecto: “Em um primeiro momento, a inovação foi adotada porque os governos entenderam que ela era uma resposta a crises financeiras - com a transformação digital, temos reduções de custos, de burocracia. Então, quando começamos, notamos que todas as esferas de governo adotaram iniciativas de inovação para atender a demandas da crise fiscal que imperava no país”.

Guilherme Dominguez, Diretor do BrazilLAB, compartilha da visão de Letícia Piccolotto. “De 2016 para cá, a pauta de GovTech tem estado muito mais presente na imprensa, e se tornou um conceito muito mais difundido entre os gestores públicos. Mais do que uma tendência, virou uma realidade”, afirma. De acordo com ele, essa realidade corresponde tanto à preocupação de governos em aprimorar os serviços por meio da transformação digital, quanto à preocupação de startups em buscar novos modelos de negócio a partir do aprimoramento de serviços públicos.

 

Transformação acelerada pela pandemia

Letícia Piccolotto destaca que a pauta da transformação digital de governos está ainda mais sólida e consistente por conta do COVID-19. “À medida que estamos todos isolados socialmente, os serviços precisam ser prestados na internet - os públicos aí incluídos. Por isso, a pauta tomou uma proporção muito grande. Tem muita coisa sendo acelerada - um exemplo é a votação online do Senado, que estava para ser aprovada há muito tempo e foi recentemente implantada. E, na minha visão, movimentos como esse devem se intensificar.”

Neste contexto, o papel de conector exercido pelo BrazilLAB ganha cada vez mais relevância. Mas Guilherme Dominguez destaca que só o programa de aceleração já não bastava para a difusão da pauta. “O ciclo de aceleração continua sendo uma vertical muito importante - tanto que chegamos à quarta edição, com 80 startups aceleradas a longo dos quatro anos. Mas começamos a trabalhar mais o lado do gestor público e do envolvimento de todo o ecossistema de inovação, mobilizando investidores e acadêmicos, por meio de pesquisas e de outras frentes de atuação, como redes sociais e plataformas digitais”. 

 

GovTech Brasil e Selo GovTech: os destaques dos últimos anos

De acordo com Guilherme, isso marca uma terceira etapa da história do BrazilLAB, que é a difusão de conhecimento. “Primeiro, tivemos a aceleração, depois, a conexão. E agora, além de exercermos esses papéis, também estamos focando na capacitação por meio de conhecimento, de forma a gerar novos conteúdos sobre transformação digital para a sociedade como um todo. As principais iniciativas nesse sentido foram o evento GovTech Brasil, realizado em 2018, e a criação do Selo GovTech.”

Para Letícia Piccolotto, o BrazilLAB ocupa, hoje, um espaço de neutralidade. “Por ser um hub que conecta diferentes atores, como startups e poder público, o nosso papel é o de trazer um conteúdo relevante e estruturado para o debate, além de mostrar um país que já dá certo, que é o das startups e das tecnologias novas, que podem resolver problemas importantes. Vejo que o BrazilLAB continua exercendo esse papel de conexão e principalmente de neutralidade”. 

 

Conhecimento é o caminho

E sobre o futuro? Tanto para Letícia quanto para Guilherme, o caminho é um só: difundir cada vez mais conhecimento. “Vamos seguir documentando e mostrando casos de sucesso de transformação digital, tanto na esfera municipal quanto na estadual, e junto a órgãos do governo federal”, revela Letícia Piccolotto. De acordo com ela, é um trabalho que já acontece e vem se intensificando: são 15 estudos e cases mapeados que foram divulgados no site. “Daqui para a frente, vamos cada vez mais buscar referências de para onde temos que ir. Impacto da Inteligência Artificial e dilemas éticos do avanço da tecnologia, por exemplo são debates fundamentais, nos quais o BrazilLAB procurará sempre ser um ator relevante e pioneiro.”

Guilherme Dominguez vê da mesma forma. “Vamos ampliar ainda mais nossa capacidade de geração de conhecimento. E num contexto de COVID-19, temos usado ainda mais as plataformas digitais e as redes sociais. Difundir conhecimento e ampliar a rede de pessoas interessadas em trabalhar por essa transformação.” Mas isso não significa que os outros pilares do BrazilLAB serão deixados de lado. Pelo contrário: “manteremos o padrão de excelência de tudo o que foi feito até aqui. E o Programa de Aceleração será cada vez mais direcionado, já que o ecossistema se desenvolveu muito - há mais e melhores startups dispostas a oferecer soluções que façam a diferença no setor público”, finaliza ele.

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