Entre os desafios enfrentados pelos municípios brasileiros na atualidade, aqueles relativos à produção e distribuição de alimentos merecem atenção. Diversos fatores agravam o cenário, como o crescimento populacional urbano, o alto custo de abastecimento de alimentos nas áreas urbanas, o consumo de frutas e legumes abaixo dos níveis recomendados e a falta de canais que conectam agricultores urbanos com a sociedade.
A situação torna-se ainda mais crítica diante do contexto atual de mudanças climáticas. De acordo com o documentário francês “Demain”, as alterações ambientais vêm ocorrendo com rapidez inédita. Nos últimos 60 anos, a população mundial triplicou, o que elevou a demanda por alimentos, ao mesmo tempo em que grande parte da biodiversidade vem sendo destruída.
Com relação ao Brasil, os dados apresentam um cenário de fato preocupante:
Agricultura urbana: um caminho possível
Os desafios são imensos, é fato; mas a a agricultura urbana -- como são conhecidos o cultivo de plantas e a criação de animais dentro e ao redor das cidades -- vem sendo apontada como uma solução possível. Pois a prática permite fornecer alimentos frescos, garantir a segurança nutricional, criar empregos, gerar riqueza e cultivar cinturões verdes, o que atenua os efeitos das alterações climáticas nas cidades.
Agências e instituições internacionais, como UNICEF e IDRC (por meio do projeto “Food for the Cities”), vêm enfatizando a importância da agricultura urbana. E a cidade de São Paulo provou-se pioneira no assunto: com a proposta de conectar agricultores dos arredores da cidade (que enfrentam dificuldades) aos dinâmicos mercados e restaurantes paulistanos (que necessitam de produtos orgânicos), SP venceu o Grande Prêmio do Mayors Challenge em 2016 da Bloomberg Philanthropies7.
Fundamental para a economia
A agricultura urbana também exerce papel central na recuperação de municípios que enfrentaram colapso econômico. São os casos de Detroit e Michigan, nos EUA: nelas, a produção local de alimentos permitiu não apenas que as pessoas sobrevivessem a graves crises, mas que também vivessem melhor.
“Demain” detalha o exemplo de Detroit, que conta com 1.600 fazendas e hortas orgânicas para promover independência alimentar da cidade. Lá, a maior parte das frutas e legumes consumidas é cultivada nos limites do município -- pelos cidadãos locais, para os cidadãos locais. Essas fazendas e hortas já alimentam 50% da população.
Outro caso é o do movimento das Cidades em Transição, ou Transition Towns8. Criada pelo inglês Rob Hopkins, a iniciativa tem o objetivo de transformar as cidades em modelos sustentáveis, menos dependentes do petróleo, mais integrados à natureza e mais resistentes a crises externas, tanto econômicas como ecológicas.
Hoje, o Transition Towns está presente em 14 países do mundo. Já são mais de 321 Iniciativas Oficiais de Transição (em cidades, bairros e até ilhas) e 227 iniciativas em formação.
Desafio: preparar o Brasil de hoje para o mundo de amanhã
Em 2050, nosso planeta será um lugar diferente. É muito provável que não tenhamos o mesmo acesso a petróleo, energia, água e terra arável de que dispomos hoje. E, mantendo-se o ritmo de crescimento populacional, chegaremos à marca de 9 bilhões de pessoas -- sendo que 70% viverão em centros urbanos.
Assim, ainda de acordo com o documentário "Demain", será necessário produzir alimentos em locais mais próximos de onde as pessoas moram e vivem. Vem daí, novamente, a relevância da agricultura urbana.
E foi em consideração a todo este cenário que o BrazilLAB (www.brazillab.org.br) elaborou o desafio abaixo para os empreendedores de alto impacto. Com objetivo final de promover soluções para o fomento da agricultura urbana nos municípios brasileiros, este desafio é composto pelas seguintes questões:
Como a tecnologia pode fomentar a agricultura urbana, diminuindo o custo dos alimentos, gerando empregos e melhorando a nutrição da população urbana?
Como soluções inovadoras podem conectar agricultores urbanos e cidadãos?
Sobre o BrazilLAB
O BrazilLAB é a única aceleradora que conecta empreendedores ao setor público. Sendo assim, nosso programa de mentoria tem como principal objetivo adaptar e validar as soluções selecionadas para que atendam às demandas de gestores públicos e resolvam os problemas enfrentados pelos municípios brasileiros.
A inspiração para o programa de aceleração do BrazilLAB veio de iniciativas internacionais, como o Solve/MIT e o Mayors Challenge/Bloomberg Philanthropies. Esses programas estimulam a inovação, o intercâmbio e o diálogo entre acadêmicos, setor privado, empresários e setor público, visando à promoção de um espaço eficiente que permita o envolvimento da sociedade na busca de soluções.
Nosso programa conta com quatro ciclos de atividades presenciais. Em cada um deles, os empreendedores recebem mentoria especializada, obtêm acesso a networking e a líderes públicos, adquirem conhecimento sobre os desafios municipais, encontram oportunidade de participar de rodadas com investidores e divulgam suas soluções por meio de cases e exposição na mídia.
No entanto, o programa não se restringe apenas aos quatro meses de atividades presenciais. Nossa rede de parceiros, mentores e equipe acompanha os empreendedores ao longo de toda a sua jornada. Esse acompanhamento ocorre por meio de nosso programa Alumini, que tem como objetivo auxiliar os empreendedores a alcançarem o impacto que desejam na sociedade.
Patrocínio
O BrazilLAB é um programa patrocinado pelo Bank of America Merrill Lynch, E.Bricks e Instituto Betty e Jacob Lafer.
Entre seus parceiros, o BrazilLAB tem a honra de contar com instituições como CLP, Fundação Brava, Comunitas Endeavor, Start-Up Chile e Microsoft.
Fontes
1 - http://censo2010.ibge.gov.br/
2 - http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pns/2013/
3 - www.akatu.org.br
4- http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1256:catid=28&Itemid=23
5 - https://www.demain-lefilm.com/en/film e/ou Netflix