Recentemente, a capital paulista sediou o LegisTech Forum, que foi totalmente dedicado à Inovação no Legislativo. Realizado no Campus São Paulo, o evento reuniu especialistas, empreendedores, servidores públicos, pesquisadores e demais agentes em palestras e atividades práticas distribuídas em três dias, de 31 de outubro a 02 de novembro.
De acordo com Luís Kimaid, CEO da Bussola.Tech e um dos organizadores do evento, o LegisTech Forum teve como objetivo mostrar, à sociedade civil, a importância do ecossistema de inovação pública voltado ao aumento da eficiência do Legislativo. “A ideia foi promover debates no sentido de otimizar os recursos públicos, e de melhorar a qualidade do processo legislativo e os canais de interlocução com a sociedade”, afirmou ele.
Letícia Piccolotto, fundadora do BrazilLAB e Presidente Executiva da Fundação BRAVA, esteve presente no evento. Com a apresentação intitulada “Digitalizar é preciso?”, ela frisou que o maior desafio, seja no campo legislativo ou não, é a mudança cultural. “Precisamos dos pioneiros, os primeiros líderes que vão comprar os riscos, as brigas, aqueles que vão conseguir articular diferentes atores nesse processo, para que voltemos a ter uma interação positiva com o governo, e uma participação na vida pública que seja simples, rápida e via multicanal.”
Para Letícia, outro ponto fundamental da digitalização é a confiança da população na forma como os dados serão usados. “As pessoas precisam confiar que o governo está protegendo suas informações. Mais cedo ou mais tarde, o governo digital vai acontecer, e será muito voltado para o armazenamento de dados nas nuvens. Como vamos garantir que eles serão usados da forma correta?”, provocou a fundadora do BrazilLAB.
Ela seguiu com as provocações: “O Brasil ainda tem problemas do século XVIII, como saneamento, infraestrutura, entre outros. Precisamos acelerar a nossa transformação digital ou seremos atropelados.” De acordo com Letícia, é necessário pensar em novos arranjos: “Nossa perspectiva, dentro do BrazilLAB, é colocar cada vez mais startups nesse processo. Temos que aproveitar a força empreendedora do Brasil, que está entre as maiores do mundo. É exatamente isso que queremos fazer por meio do Programa de Aceleração.”
Outro desafio para a digitalização de governos, de acordo com Letícia Piccolotto, é a formação dos profissionais do futuro. “A tecnologia vai vir com tudo. Já sabemos que de 60 a 70% das novas profissões ainda nem foram criados. Então, precisamos entender o que deve ser ensinado em sala de aula para garantir que essas gerações sejam incluídas no mercado de trabalho. Estamos falando de uma reforma curricular. Mas é muito difícil controlar esse processo sem que o governo tome a dianteira, sem que assuma a liderança. E aí estamos falando de todos os poderes.”
No caso específico do poder legislativo, a fundadora do BrazilLAB destacou o papel das casas para garantir a equidade de oportunidades para as pessoas na revolução digital que já está acontecendo, bem como a segurança delas diante da transformação. “Os efeitos colaterais da tecnologia impactarão toda a sociedade, e o poder legislativo precisa ser a interface com as pessoas, no sentido de protegê-las, regulamentando essa transformação.”
Por fim, Letícia lembrou que um dos três desafios do 4º Ciclo de Aceleração do BrazilLAB também é focado no poder legislativo: Eficiência na Gestão Pública. “Convocamos startups para pensar em automatização de digitalização dos processos, para reduzir a burocracia, para aperfeiçoar a gestão de pessoas e dar mais transparência às ações do legislativo.”