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Financiamento de inovação e startups que atuam com a gestão pública: veja como foi a GovTech Conference

Empreendedores, representantes do setor público e especialistas subiram ao palco para trocar ideias, compartilhar aprendizados e inspirar com cases de sucesso
Em 02 de May de 2019

Neste texto, você acompanhou a primeira parte da nossa cobertura do GovTech Conference, evento organizado pela StartSe com co-realização do BrazilLAB. E aconteceu muita coisa depois da apresentação de Letícia Piccolotto, founder do LAB. Painéis, vitrines de startups e palestras de especialistas foram as atrações de um dia totalmente dedicado à inovação no setor público.

 

Finep contra o “vale da morte”

Ao final da manhã, Raphael Braga da Silva, Superintendente de Empreendedorismo e Investimento da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), subiu ao palco para falar sobre políticas públicas de apoio a startups. E foi enfático: “o governo precisa se adaptar e absorver a tecnologia para colocar o Brasil num cenário diferente”. Ele também fez eco aos palestrantes anteriores ao pedir uma transformação de paradigmas:  “precisamos mesmo de uma mudança cultural, gestores precisam ter mais propensão ao risco.”

Raphael, então, apresentou o programa Finep Startup, que apoia financeiramente a inovação em empresas nascentes. Segundo ele, o objetivo final é ajudar startups a superarem o chamado “vale da morte”, como são conhecidos os primeiros anos dessas empresas. Neste ano, serão R$ 30 milhões para até 30 startupcs.

A seguir, tivemos a primeira vitrine de startups que já atuam com o governo. Dela participaram Rodolfo Fiori (GOVE), Matheus Pereira Amaral Moreira (4mti Soluções), e Gustavo Maia (Colab). Cada um teve dez minutos para apresentar as soluções de inovação que já estão sendo vendidas para o setor público.

 

Contratação em pauta

A propósito, vender para o setor público é um assunto que traz muitas dúvidas e receios para empreendedores. Por isso, o próximo painel foi totalmente dedicado a ele.  Participaram Guilherme Dominguez, Diretor Jurídico do BrazilLAB, Vera Monteiro, professora de Direito da FGV e Felipe Maruyama, Diretor Técnico de Apoio ao Empreendedorismo Inovador (Prefeitura de SP).

Guilherme começou destacando o contexto jurídico positivo: “estamos vivendo um momento regulatório bem favorável. O marco das startups, que está sendo debatido em Brasília, é a prova disso.” Ele lembrou que o Brasil já deu saltos importantes, uma vez que, no papel, já há vários mecanismos que facilitam a contratação de startups. “Falta concretizar”, afirmou ele.

Vera Monteiro concordou. De acordo com ela, o Brasil evoluiu muito “apesar do modelo da 8.666, que não deu certo”. Nosso ambiente regulatório avançou graças à lei de inovação, que abriu espaço para as startups. Mas a professora da FGV destacou os perigos da generalização: “achar que teremos uma situação única para contratar startups é um erro; existem inúmeras nuances.” Ela defendeu que é preciso haver soluções para cada caso, e o ambiente atual é propício para essa transformação.

 

Com a palavra, cidades e a federação

Felipe Maruyama, como representante da gestão municipal de SP, compartilhou iniciativas que vêm contribuindo para mudar mindsets dentro de governos. Falou sobre o trabalho da Secretaria Municipal de Inovação de mapear práticas inovadoras de outros países para que sejam aplicadas na capital paulista. “O grande desafio é criar uma cultura de mudança para trazer novas tecnologias, para aí sim absorvermos de forma qualificada”, afirmou ele.

Na última apresentação da manhã, outro representante do poder público subiu ao palco. Sérgio Alves, Coordenador-Geral de Empreendedorismo Inovador do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, falou sobre o Marco Legal de Startups para desburocratizar o mercado. De acordo com ele, o Marco ainda está em “fase de construção”, mas que existe vontade política para consolidá-lo. Ele deu detalhes sobre essa tramitação, falando sobre ambiente jurídico, eficiência em processos, facilitação de investimento e outros temas centrais para a desburocratização.

 

Governo digital: de onde viemos e onde estamos?

À tarde, foi a vez de Ciro Avelino, Secretário-Adjunto de Governo Digital, falar sobre “transmutação digital” de governos. Ele começou compartilhando a visão da administração federal sobre governo digital: “um governo só existe para prestar serviços a uma sociedade - que hoje está conectada. Então, o governo digital é aquele que adapta os serviços à expectativa de uma sociedade digital.”

Então, Ciro apresentou um panorama do que já foi feito e da situação atual em relação ao governo digital. De acordo com ele, “a conjuntura de apoio popular e esforço de construção que tivemos até o ano passado criou uma tempestade perfeita para avançarmos na transformação digital”.

Na recapitulação, ele lembrou que, desde os anos 2000, o foco da inovação tem sido “interno, nos processos de governo; o chamado ‘governo eletrônico’”. Depois, a partir de 2016, Ciro destacou a consolidação da E-digital, que é a estratégia de digitalização da sociedade brasileira como um todo.

E hoje, qual é o grande desafio? “Trabalhar os serviços do governo para focá-los totalmente na sociedade. É continuar preparando e arrumando a casa para adaptar esse trabalho da melhor forma possível para os brasileiros”. Ele lembrou que, hoje, são 2.895 serviços prestados pela administração pública federal. O problema é que, desses, somente 41% são digitais. “É evidente que o trabalho de digitalização precisa se intensificar, e é o que faremos”, concluiu Ciro. Como exemplo bem-sucedido, ele mencionou o alistamento militar, que, hoje, pode ser feito totalmente online.

 

A experiência GovTech de Presidente Prudente

Depois de Ciro Avelino, subiu ao palco o Secretário Municipal de Tecnologia da Informação de Presidente Prudente, Rogério Alessi. Ele compartilhou a trajetória de inovação da cidade, hoje uma referência em GovTech no estado.  

De acordo com Rogério, a prefeitura entendeu já há algum tempo que o caminho para a inovação é basear-se em exemplos e construir parcerias com startups. Dentro desse contexto, Presidente Prudente vem implementando inovações desde 2004, por meio de uma incubadora de base tecnológica.

E ele cita um case que considera emblemático. Aconteceu em 2013, quando dava aula na faculdade. Rogério foi abordado por alguns alunos que disseram ter desenvolvido um aplicativo com uma agenda de transporte público. “Ninguém sabia dos horários dos ônibus, e os alunos colocaram tudo ali. Mas precisavam de ajuda para publicá-lo.”

O hoje secretário conta que tentou ajudá-los, mas não conseguiu. Não houve interesse por parte da gestão municipal, a procuradoria foi contra, etc. “Era uma cultura. Percebemos que precisávamos a agir por um ambiente regulatório. Trabalhamos por uma lei municipal de inovação, que acabou sendo aprovada”. A partir daí, foi possível instrumentalizar o poder público, dar-lhe “lastro jurídico” para que ele investisse em inovação.

 

Vitrine e encerramento

A seguir, tivemos mais uma vitrine de startups que já atuam com governos. Foi a vez de Hamilton Alves (da Fábrica de Negócio, uma das vencedoras do 3o Ciclo de Aceleração do BrazilLAB), Breno Martins (MBA Mobi) e Gabriel Lima (Árvore de Livros) se apresentarem.

E o primeiro GovTech Conference foi encerrado com a apresentação de Peter Kronstrom, da Embaixada Dinamarquesa e do CISF (Copenhagen Institute for Future Studies - LATAM). Ele falou da transformação digital pela qual a Dinamarca vem passando - hoje, é considerado o governo mais digital do mundo -, bem como das perspectivas de futuro. Assim como quase todos os apresentadores Peter destacou que governos costumam ir na contramão do “resto do mundo”: “enquanto nós, pessoas, estamos ‘nus’, transparentes em termos de informação, governos são fechados. A tecnologia existe para corrigir essa anomalia”, concluiu ele.

 

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