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Quando um órgão público vira hub de inovação: a experiência da 4MTI no Ministério Público de MG

Após adotar sistemas desenvolvidos pela startup mineira, o MPMG virou vitrine de inovação no setor público e firmou parceria com o Ministério Público paulista
Em 24 de October de 2019

Em outubro de 2018, contamos a história de como a 4MTI, empresa mineira de soluções em tecnologia e dados públicos, conseguiu vender inovação para o Ministério Público de MG. Na época, os sócios Matheus Pereira e Marcos Rabelo compartilharam o longo processo até que o órgão implantasse um sistema de gestão de dados que aprimorasse o controle das contas públicas.  

Um ano depois, a 4MTI - que participou do 2o ciclo de Aceleração do BrazilLAB - tem mais notícias boas para compartilhar. A empresa acabou de entregar, para o Ministério Público de Minas Gerais, os sistema Áduna e Lins que, de acordo com Matheus Pereira, vão revolucionar a atuação do órgão. 

 

Um longo caminho

Foram dois anos e meio de conversas até que a contratação da 4MTI por parte do órgão ocorresse, pela modalidade de dispensa de licitação. E mesmo depois de contratada, a empresa não teve vida fácil. “Existe a complexidade de lidar com a cultura de trabalho e com o ritmo das entregas do setor público, que são diferentes. Fizemos todo o trabalho de desenvolvimento em um ano. Durante esse período, a pressão também foi constante. Por sermos uma empresa nova, houve vários questionamentos”, conta Matheus. 

Sobre os sistemas implantados, Áduna e Lins, o verbo “revolucionar” é perfeitamente justificável. Ambos são módulos de uma mesma plataforma que vai agilizar e aprimorar a auditoria das contas públicas. “O Áduna é focado em dados pessoais: é possível encontrar tudo o que for preciso de um indivíduo ou de um grupo lá. Isso vai facilitar muito a vida dos promotores, que terão todos os dados em um mesmo local”, explica o empreendedor. 

Antes, essa pesquisa era feita “na unha”, pela internet, e demorava muito. O Áduna é um sistema ao qual 100% dos colaboradores do MP têm acesso. E, depois de implantado, a solução já registra 500 acessos por dia. “Em um órgão que tem 6 mil colaboradores, é um ótimo índice”, afirma Matheus. 

 

Trilhas de auditorias

O outro módulo é o Lins, que está interligado ao Áduna e que avalia a execução orçamentária dos municípios. “Com a ferramenta, os promotores sabem direitinho quanto dinheiro entra e quanto saiu, para quais empresas (fornecedores) foram os recursos, sabem também quem são os sócios, etc. Conseguimos descobrir relações entre os sócios, cruzamos dados e encontramos anomalias”, conta o sócio da 4MTI. 

Com o sistema, é possível estabelecer conexões entre pessoas e empresas, e descobrir em quais outros municípios elas estão sendo contratadas. Ou seja, caso haja alguma prática ilícita, é possível mapear possíveis locais em que essa prática é repetida. “Isso facilita muito a denúncia do promotor, que antes nem tinha como analisar, porque não tinha acesso a todos os dados. Agora, além de acessar, ele consegue perceber onde mais aquilo está acontecendo. O sistema oferece a possibilidade de o próprio promotor criar as trilhas de auditoria dele”.

 

Inovação no MP de São Paulo

Outra boa notícia da 4MTI é que o Ministério Público de São Paulo também vai adotar esses sistemas. A implantação está acontecendo por meio de uma parceria entre os dois MPs - ou seja, o órgão paulista vai adotar a ferramenta sem ter que investir no desenvolvimento. Só será necessário carregar os dados do estado.

Para Matheus Pereira, a parceria vai dar uma nova dimensão para a atuação dos órgãos. “Essas investigações não têm território, não têm fronteira. Às vezes, é uma empresa de SP que está atuando em MG e que precisa ser investigada. Então, essa atuação conjunta vai gerar muito mais resultados do que quando os MPs estão separados”.

O empreendedor destaca também o fato de o Ministério Público de MG ter se tornado um avalizador da inovação da empresa. “O próprio órgão público pode se tornar um hub de inovação, que é o caso do MPMG, que vai disseminar a nossa iniciativa para outros MPs do país”. 

Como Matheus afirmou, o caminho foi longo e exigiu paciência dele e do sócio. Mas ambos estavam conscientes do impacto positivo que poderiam gerar. “O empreendedor que pretende trabalhar com o setor público precisa estar preparado para essas dificuldades. Tem que estar disposto e tem que entender que o principal é a sociedade”, conclui ele. 

 

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