Na semana passada teve início a SXSW. Esta conferência, realizada anualmente em Austin (Texas), nasceu para "apoiar pessoas criativas a atingirem seus objetivos".
Com uma programação extensa de shows, palestras e performances, a SXSW se consolidou também como um espaço fundamental para a reunião de especialistas e entusiastas da agenda de inovação e tecnologia - falei sobre o tema aqui.
Neste ano, tenho acompanhado a programação completa e participado de forma online.
A diversidade de temas e palestrantes é impressionante; já tive a oportunidade de acompanhar palestras sobre uso de dados, tecnologia aplicada à transição energética, mudança climática, metaverso, os infinitos usos da inteligência artificial e também sobre como é possível utilizar o foresight como estratégia para antecipação de possíveis futuros - falei bastante sobre esse tema aqui.
Tem sido um verdadeiro mergulho inspiracional e, de longe, o tema que mais me chamou a atenção foi a saúde e como ela deve ser cada vez mais permeada pelo uso de tecnologias e inovações, graças ao trabalho das healthtechs.
A pandemia foi, sem sombra de dúvidas, uma catalisadora da transformação digital na saúde.
Como discuti aqui, a alta demanda por atendimento médico, combinada à necessidade de garantir o distanciamento social, impulsionou a adoção de soluções digitais para garantir a continuidade das políticas de saúde.
Com isso, e muito rapidamente, serviços de saúde e, principalmente, os pacientes aderiram a modelos de atenção à saúde antes inimagináveis.
Tomemos como exemplo a telemedicina. Sua regulamentação no Brasil, que até então não avançava na agenda legislativa, deu um salto com a aprovação da Lei 13.989/20 que autoriza o atendimento médico online enquanto durar a pandemia de covid-19.
Mas o que era para ser algo transitório, parece ter chegado para ficar.
Dados da pesquisa "State of Telehealth" indicam que mais de 60% de pacientes planejam seguir utilizando a telemedicina combinada a consultas presenciais, e 80% dos prestadores de serviço pretendem continuar a oferta do serviço mesmo depois da pandemia.
E a boa avaliação a respeito da telemedicina não se restringe somente ao público de usuários e prestadores de serviço.
O mercado de investimento, especialmente entre as startups, tem reagido positivamente a essa nova tendência. As cifras impressionam: dados da CB Insights, em agosto de 2021, apontam crescimento anual de 169% nos investimentos em telemedicina, totalizando US$ 5 bilhões em 2021.
Não há mais volta; a saúde agora é tech. Inteligência artificial, telemedicina, IoT, realidade aumentada. Esses são apenas alguns dos exemplos de como a tecnologia deve estar cada vez mais presente no atendimento à saúde.
As possibilidades são infinitas. Os desafios para fazer com que sejam mais acessíveis, também.
O relatório Tech Trends 2022, publicado pelo Future Today Institute, aponta 48 tendências para o setor de saúde, todas elas impactadas, direta ou indiretamente, pelo uso de tecnologias e de inovação.
Algumas dessas tendências chamam muito a atenção:
As startups são verdadeiras referências quando falamos de tecnologia em saúde.
No Brasil, segundo dados da Abstartups, mais de mil podem ser consideradas healthtechs. Atuando com diferentes tipos de tecnologia, essas empresas têm contribuído para ampliar o acesso a atendimento médico, com soluções que atendem a diferentes públicos, regiões e demandas.
É o caso da Vidia, healthtech fundada por um dos mentores do BrazilLAB, Thiago Bonini. A startup tem democratizado o acesso a cirurgias ao oferecer pacotes que incluem todos os custos e serviços necessários ao paciente. Já foram mais de 200 procedimentos realizados em centros médicos de todo o país.
A Psicologia Viva é um outro exemplo de healthtech. A startup oferece uma plataforma para o atendimento psicológico. Em 2021, a startup firmou uma parceria para levar atendimento psicológico a mais de 5 mil escolas no Estado de São Paulo.
E também a Universaúde, uma startup que tem como objetivo qualificar as políticas públicas de saúde a partir de práticas de gestão, da formação de profissionais e também do uso de tecnologias. Desde sua criação, a startup já atuou em parceria com mais de 50 organizações e contribui para alcançar resultados muito positivos: redução de perdas e desperdícios em 20%; diminuição de faltas e afastamentos de trabalhadores em 40% e aumento da satisfação de usuários em 10%.
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Não há limites para o impacto positivo que a tecnologia aliada à saúde pode trazer para o bem-estar da população e para a eficiência das políticas públicas.
A chance de revolucionar o setor de saúde no Brasil e no mundo está em nossas mãos. Resta sabermos utilizá-la com sabedoria.
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