“Desde muito jovem, eu queria ser dono do meu destino”. É assim que Igor Guadalupe resume o impulso que o levou à carreira empreendedora. Natural de Viçosa (MG), ele ajudou a fundar e hoje lidera o GESUAS, software para gestão do Sistema Único de Assistência Social que foi o vencedor do último Demoday. E a história dele mostra que essa conquista não tem nada de casual: é resultado de muito trabalho e de foco em um propósito.
“Sempre sonhei em ter meu próprio negócio”, conta Igor. Ele acompanhava o duro cotidiano do pai, que trabalhava em usina e tinha horário para entrar e sair. “Era uma rotina muito restrita, e eu logo vi que não queria isso. Tinha dez anos de idade e já estava tomando decisões pro futuro”.
Quando Igor concluiu a oitava série (hoje nono ano), teve a primeira experiência de gestão. Fez um curso técnico do Sebrae intitulado Formação Gerencial, e isso lhe deu ainda mais certeza a respeito do futuro. “Com 15 anos, tive a oportunidade de elaborar um plano de negócio. Ali eu vi que era mesmo o que eu queria. Na época, eu e alguns amigos criamos um plano para uma boate”.
Depois que ingressou na faculdade, o futuro empreendedor procurou aproveitar todas as oportunidades oferecidas. Monitorias, intercâmbios, estágios, participação no centro acadêmico etc. Foi cansativo, mas fez a diferença para o que viria a seguir. Porque essas atividades permitiram com que ele estabelecesse conexões que acabaram por ajudá-lo a empreender.
A primeira conexão importante aconteceu em 2006. “Eu tinha acabado de voltar dos EUA, para onde fui estudar, quando um amigo com quem eu dividia uma república falou: ‘queremos criar uma empresa de jogos educacionais e precisamos de alguém na gestão.’” Era a chance que Igor esperava, e ele aceitou na hora.
A empresa tinha foco em educação, mas um dos produtos era dirigido à área de assistência social. “Era um produto meio, não era o carro-chefe. O objetivo era financiar soluções para a educação”.
No entanto, quando Igor e os sócios desenvolveram uma solução de gestão de serviços de assistência social específica para a Prefeitura de Viçosa, as coisas começaram a mudar. Em 2009, eles fizeram uma apresentação para gestores da área de diferentes municípios, e muitos mostraram interesse. Foi o primeiro indício de que eles tinham uma grande oportunidade nas mãos.
A confirmação veio alguns anos depois, quando o Governo Federal lançou o SUAS, Sistema Único de Assistência Social. Ou seja, a padronização na gestão da assistência social. “Vimos aí uma chance de focar em uma solução única, de algo que fosse realmente escalável”. Foi quando o GESUAS, que é o sistema online do prontuário do SUAS, foi criado.
De lá pra cá, Igor passou a focar mais no negócio. “Pisamos no acelerador, mesmo. Vimos que existia mercado, nós já tínhamos experiência, e projetos anteriores validavam o que estávamos construindo: uma solução que fosse única e contemplasse todas as demandas de assistência social dos municípios”.
Desde o começo, o GESUAS se destacou dos outros produtos da empresa. Até que, em 2017, Igor decidiu deixar essas soluções de lado e ficar só com ele. Foi mais uma decisão importante. “A partir daí, as coisas viraram. Cada vez mais municípios se interessaram, e pudemos começar a investir em marketing e vendas.”
Nos últimos dois anos, o trabalho e o investimento se provaram certeiros. O GESUAS tem dobrado de tamanho a cada ano. “Atendíamos 15 municípios quando começamos a focar só na solução, em 2017, e fechamos 2018 com 34”.
Mas Igor enfrentou desafios importantes pelo caminho. O maior é o que ele chama de “tempo do público”. “Por mais que tenhamos validado a solução, sempre passamos pela dificuldade que envolve o longo período de decisão do poder público. Até um município adotar o GESUAS, demora, por diferentes motivos”.
O empreendedor perdeu a conta de quantas vezes ouviu que ele “era louco por trabalhar com prefeituras”, “que não seria pago”, etc. Mas seguiu adiante, e acabou recompensado. Claro que, para superar esse período perigoso, foi necessário muito planejamento financeiro. E houve consequências: “dos quatro fundadores, só eu sobrevivi. Foi a nossa maior dificuldade, nos mantermos vivo, trabalhando pro público, até que a curva passasse o ponto de equilíbrio”.
A motivação para seguir adiante? “Além do sonho de empreender, o propósito. Trabalho sempre olhando pra ele. E o nosso é impactar a vida de milhões de pessoas. É isso que faz você persistir, porque você sabe do impacto que pode gerar”.
E, como indica o próprio nome da área em que Igor atua, esse impacto é profundamente social. “O público que recebe assistência social é muito vulnerável, corre riscos. O nosso propósito hoje é ainda mais específico: queremos ser um instrumento para que pessoas possam superar riscos sociais e situações de vulnerabilidade. Entregar conhecimento e boas práticas para os municípios”.
Para o futuro, Igor pretende ser cada vez mais propositivo. “Queremos nos antecipar, ter ações prontas no momento em que as demandas surgirem. Queremos apontar as iniciativas exatas para contornar as situações de vulnerabilidades. É um papel mais ativo do que exercemos hoje. Queremos ser o ator principal dentro desse processo.” A julgar pelo que ele tem feito até aqui, vai conseguir. E toda a sociedade só tem a ganhar.
A sua startup também tem o propósito de causar impacto social? O BrazilLAB vem buscando formas de facilitar a contratação de tecnologia pelo setor público, sendo sua última iniciativa a criação do SeloGovTech, que certifica startups como capacitadas e aptas a trabalharem e venderem para diferentes órgãos do governo. Ao ser aprovada no processo e obter o Selo GovTech, a startup passará a fazer parte de uma rede de empreendedores que possuem soluções tecnológicas para diversos desafios dos governos! Clique aqui e saiba mais.