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3º módulo presencial da Aceleração do BrazilLAB: hora de medir impacto e aperfeiçoar o pitch

Empreendedores tiveram aula de mensuração de resultados; treinaram suas apresentações e visitaram órgãos públicos
Em 01 de April de 2020

No último encontro presencial do 4º Ciclo da Aceleração do BrazilLAB, as startups mergulharam em um tema central da inovação no setor público: mensuração de impacto. Durante dois dias, empreendedores ouviram e interagiram com renomados especialistas deste campo, que é determinante para o sucesso de empresas que pretendem vender tecnologia para governos. Eles também tiveram a oportunidade de aperfeiçoar o pitch com experts nesse tipo de apresentação. Já o terceiro dia da dinâmica foi dedicado ao Field Day, onde os empreendedores puderam visitas prefeituras e órgão públicos.

As atividades começaram com apresentação sobre mensuração de impacto social do professor Geraldo Setter, do núcleo Insper Metricis. Setter lembrou da carta que Larry Fink, CEO da BlackRock (maior gestora de ativos do mundo), enviou no final de 2019 para investidores, deixando claro que o fundo vai dar cada vez mais importância para a questão do impacto nos investimentos. 

 

Teoria de mudança

O professor explicou em detalhes, aos empreendedores, o que é a Teoria de mudança, ou seja, “uma forma clara e lógica de articular a conexão entre as atividades realizadas e o objetivo socioambiental pretendido”. De acordo com ele, a teoria se divide nas seguintes etapas: 

1 - Definição de insumos (recursos humanos, físicos, financeiro e práticas);

2 - Elaboração das atividades (linhas de ação, programas de intervenção);

3 - Desenvolvimento de produtos e serviços oferecidos à população-alvo;

4 - Medição de resultados das atividades (mudanças em variáveis relacionadas à atividade);

5 - Verificação de resultados para a sociedade (o que realmente causa mudança social). 

Aqui, Setter destacou um fato importante: mais de 90% das empresas só chegam até a etapa dos produtos. “Para realmente entender o impacto social de uma iniciativa, é preciso chegar até a última etapa. A teoria te dá clareza de onde você quer chegar e as variáveis de que vai precisar,” lembrou ele.

 

Exemplos práticos

A seguir, Natalia Fregonesi, da Fundação Brava, e Fernando Rabelo, responsável pelas implementações do BrazilLAB, compartilharam experiências sobre mensuração de impacto. Fernando lembrou que, atualmente, os mecanismos de controle estão muito mais atentos à mensuração de resultados. “Já foi aprovado no Senado um projeto que estabelece que qualquer política pública avalie o impacto gerado, e agora ele está tramitando na Câmara. E o TCU está acompanhando o movimento de outros tribunais pelo mundo, que deixam de focar na conformidade dos processos para se concentrarem nos resultados concretos da política pública. Ou seja, deixam de ser órgãos de análise para se tornarem órgãos de eficiência”, afirmou Fernando. 

Natalia Fregonesi compartilhou o exemplo prático do Gesuas, que venceu o último Ciclo de Aceleração. Ela lembrou que a empresa, apesar de ser um negócio estruturado, ainda não dedicava muita atenção à teoria de mudança ou à mensuração de resultados. “Então, nos reunimos com o empreendedor Igor Coelho para entender os indicadores que corresponderiam a essa teoria de mudança. E o próximo passo foi colocar os indicadores na realidade do município onde o Gesuas era implementado. Esses indicadores foram otimização, economicidade e eficiência”, explicou ela.

As atividades seguiram  com uma fala de Beto Scretas, do ICE (Instituto de Cidadania Empresarial), sobre investimentos em negócios de impacto. Ele também mencionou a carta de Larry Fink aos investidores: “antes, as perguntas de quem investia eram somente: quanto estou ganhando e quanto estou perdendo? Agora, tem uma terceira pergunta: qual é o impacto que ajudo a gerar?” De acordo com ele, a resposta para essa questão ganhará importância cada vez maior.

Ao final do primeiro dia, as startups ainda rascunharam suas teorias de mudança e indicadores para medição de resultados do seu negócio, apresentando-as ao time BrazilLAB, que contribuiu com insights e direcionamento para os empreendedores.

 

“Polindo” o pitch

O segundo dia foi totalmente dedicado à preparação do pitch dos empreendedores. Eles tiveram a oportunidade de apresentar suas soluções para Gabriel Senra, Founder e CEO da Linte, vencedora da 2ª edição da Aceleração do BrazilLAB e Daniela Swiatek, mentora do BrazilLAB e expert em governo e inovação na mobilidade urbana. Os dois compartilharam dicas  sobre o que fazer e o que não fazer no momento do pitch. 

Para Gabriel, é indispensável que o apresentador “tenha uma história pra contar, use bem os primeiros 15 segundos de seu pitch. Insira  dados para embasar o que é apresentado, entenda seu público e treine com uma pessoa, além de se filmar”. Daniela, por sua vez, enfatizou a questão de conhecer o público. “Ele não é composto por investidores. São prefeitos, secretários, gestores públicos. E o negócio de vocês têm que ter a ver com isso”. Depois, cada um dos empreendedores e empreendedoras apresentaram seus pitches, recebendo, na hora, o feedback dos dois especialistas.

Ainda, ao final do dia, nossa fundadora Letícia Piccolotto compartilhou um pouco de sua trajetória com a turma, e nosso conselheiro André Szajman encerrou o dia contando um pouco de sua história e sua visão como investidor em se tratando de startups que buscam trabalhar com governos.

Agora, encerrados os módulos, serão selecionadas as dez startups que seguirão para a Banca Pitch. Daí, sairão as seis finalistas que se apresentarão no DemoDay. Fique ligado!

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